quinta-feira, 9 de agosto de 2012

No início dos tempos as cavernas eram usadas como abrigo

Há milênios as cavernas encantam o homem. No início dos tempos as cavernas eram usadas como abrigo, nelas foram deixadas restos de fogueiras, de alimentos, ossos e pinturas que nos permitem conhecer a vida e os hábitos dos nossos ancestrais.
Sejam em pinturas rupestres, animais exóticos, depósitos minerais ou acidentes geológicos, os ambientes cavernícolas preservaram momentos de nossa história, neles criou-se um novo mundo a ser descoberto.
Frágeis e fascinantes, as cavernas atraem pessoas pelos mais diversos motivos, sejam eles científicos ou religiosos, por curiosidade ou aventura, as cavernas propiciam o mais intenso contato com a natureza. Mais do que caminhar sobre o chão estamos dentro da terra, envolvidos por rochas, cercados de escuridão e silêncio.
Nelas o tempo parece congelado. Suas formas intrigantes e belas, iluminadas por nossas luzes fazem nossa imaginação pequena. Vendo pequenas gotas caírem do teto ou escorrerem pelas paredes, podemos imaginar como tudo começou há milhares de anos.
As vezes a calma e o silêncio dão lugar a galerias barulhentas, com seus rios e corredeiras a castigar a rocha, cachoeiras, abismos, desmoronamentos, tudo é singular nas cavernas.
Podem ser grandes entradas ou pequenas fendas na montanha, as cavernas atraem pela beleza, aventura e principalmente pelo desconhecido. Não sabemos o que vamos encontrar, estamos caminhando sem pegadas à frente, o teto se abaixa, o rio se estreita, logo abre-se um grande salão, mais um abismo, uma pequena passagem entre blocos, ninguém sabe aonde vai chegar.
Com as luzes apagadas, deitados sobre uma pedra a escutar as gotas caírem sobre o chão, nos entregamos às mais sinceras emoções. O rio que antes corria longe parece agora percorrer nossas entranhas e sair encachoeirado por nossas lágrimas, seguindo seu curso por entre as pedras que nos abraçam e se fundem a nós.
As coisas são simples, todos são iguais e compartilham do mesmo ambiente e emoções, nas cavernas podemos por uns instantes saber o que significa viver intensamente e principalmente reconhecer o sentido da palavra liberdade.
Com uma forma física razoável, curiosidade, um capacete e uma lanterna pode-se começar a descobrir os mistérios do mundo subterrâneo, e quem sabe ser contaminado pelo vírus espeleológico, do qual ninguém se recupera.
Mais do que técnica, vale a coragem, a tenacidade e a curiosidade para ultrapassar os obstáculos encontrados, mais do que vencer é preciso respeitar e conhecer os segredos das cavernas e os próprios limites.
Formação das cavernas
As maiores e mais belas cavernas são formadas em rochas solúveis, especialmente as carbonáticas como os calcários, formados principalmente de carbonato de cálcio (CaCO3). Os calcários são rochas sedimentares que se depositaram nos fundos dos mares há mais de 500 milhões de anos, num processo lento foram depositados em camadas separadas por planos de acamamento e em graus diferentes de pureza e as vezes intercalados com argila.
Existem cavernas em outros tipos de rochas como quartzitos, arenitos e granitos, mas que não são tão atraentes quanto as calcárias. As rochas sofreram a ação de altas pressões e temperaturas e se recristalizaram em calcário metamórfico, movimentos tectônicos as fizeram emergir do fundo dos mares e se tornar montanhas e erosões e corrosões modelaram o relevo.
Quando um rio penetra na terra denomina-se sumidouro e quando surge dela, denomina-se ressurgência. As dolinas são depressões, mais ou menos circulares mais largas que profundas, na superfície, ocasionadas geralmente por pontos de maior captação de água ou pelo desmoronamento do teto de uma caverna.
O relevo caracterizado principalmente por drenagem subterrânea, cavernas, sumidouros e ressurgências, vales, cannyons, dolinas e lapiás recebe o nome de carste. Na maioria das vezes o calcário é recoberto por uma vegetação exuberante, como no Vale do Ribeira em São Paulo e se evidencia por afloramentos da rocha, na forma de lapiás, que são rochas calcárias que sofreram corrosão por parte das águas, exibindo formas reentrantes e furos de todo tipo.
As cavernas se originam, basicamente, da ação e circulação da água sobre as rochas, através de reações químicas de corrosão e da erosão. As águas das chuvas absorvem gás carbônico da atmosfera e principalmente do solo tornando-se ácidas (ácido carbônico H2CO3). Essas águas penetram pelas fendas e fraturas das rochas dissolvendo-a, abrindo condutos e galerias. Esses processos são naturalmente muito lentos, a água vai obedecendo a lei da gravidade, percorrendo milímetros em séculos.
Em regiões tropicais como no Brasil é ainda mais intenso o processo de formação de cavernas, os ácidos encontrados no solo têm um papel muito importante nesse processo, aliado às constantes chuvas que inundam os vales e montanhas. Milênios depois esses condutos alargados permitem a passagem de mais água tornando o processo mais acelerado.
Ai a erosão começa a aparecer, mais tarde as galerias começam a ser preenchidas também por ar, o rio toma a aparência de um rio do exterior, intensificando o processo de erosão. É neste momento que começam os depósitos de minerais, os espeleotemas, como as estalactites e estalagmites.
O contínuo alargamento das galerias pode ocasionar desmoronamentos das paredes e tetos, processo conhecido como invasão, aumentando os espaços internos. Pode haver um rebaixamento do nível dos rios, desenvolvendo diferentes níveis na caverna.
No PETAR as cavernas são classificadas, basicamente, em grutas, predominantemente horizontais e abismos, predominantemente verticais. Elas apresentam, normalmente, os mais variados tipos de acidentes, como tetos baixos, galerias altas, trechos alagados, desmoronamentos, salões amplos etc.
Num determinado momento os rios podem deixar de correr por certas galerias ou cavernas, os espeleotemas tomam todo ou quase todo o espaço interno da caverna, ou elas são preenchidas por sedimentos, a caverna entra então na sua fase final de existência, pelo menos até a que a água volte a correr por suas galerias retomando o processo que tende a arrasar toda a rocha calcária.
Fonte: www.cavernas.com.br
Cavernas no Brasil

Cavernas Brasileiras - Patrimônio Nacional

Cavernas no Brasil
Conduto da Gruta Curral de Pedra
Região metropolitana de Belo Horizonte - MG
Espeleologia é a ciência que tem a finalidade de localizar, explorar, observar e interpretar as cavernas, bem como analisar seu processo de formação, seu ambiente e o meio em que se inserem. Originária do grego "spelaion" (cavernas) e "logos" (estudo), a espeleologia objetiva o uso sustentável do ambiente cavernicola por intermédio de mecanismos que efetivamente contribuam para a sua conservação.
Nas cavidades naturais subterrâneas, importantes informações estão sendo guardadas e conservadas e, uma vez estudadas, auxiliarão a interpretar e compreender toda a história da Terra. Isto somente é possível uma vez que a temperatura e a umidade encontram-se praticamente constantes durante longos períodos. Estando protegido da luz solar e das chuvas, o ambiente cavernicola possibilita condições extremamente favoráveis à manutenção de informações do ambiente externo.
Como constatação deste fato, pesquisas científicas freqüentemente nos mostram que este ambiente conserva como poucos as ossadas de animais extintos e pólens de antigos vegetais, dando origem ao desenvolvimento da ciência paleontológica - ciência que estuda animais e vegetais fósseis - além de possibilitar a identificação dos homens pré-históricos que um dia habitaram suas entradas e deixaram importantes testemunhos de seus usos e costumes dentro das cavernas. Com a evolução dos estudos do modo de vida do homem pré-histórico e de suas relações com o meio circundante, desenvolveu-se a Arqueologia - ciência que estuda a vida e a cultura dos povos antigos por meio de escavações ou de documentos, monumentos, objetos etc, ali encontrados. As cavernas constituem-se, neste sentido, em importantes sítios arqueológicos onde estão preservados artefatos ósseos e líticos, material cerâmico, pinturas rupestres e diversos vestígios da ocupação humana no passado, como nível de fogueira, restos de alimentação, utensílios etc.
Os depósitos de origem química conhecidos como espeleotemas (formações no interior de cavernas que despertam grande interesse e admiração por parte das pessoas que as visitam tais como estalactites, estalagmites, cortinas, travertinos etc) -além de apresentarem uma extraordinária beleza cênica, possibilitam, mediante estudos científicos, identificar variações paleoclimáticas e estabelecer datações, sendo ainda fundamentais para estudos mineralógicos, físicos e químicos.
O IBAMA, como órgão responsável no trato da questão espeleológica brasileira, consciente de seu papel institucional, atribuído em função do Decreto n2 99.556, de 1ro de outubro de 1990 e pela Portaria nro 887, de 15 de junho de 1990, vem procurando estabelecer medidas que possibilitem a utilização e o fortalecimento dos recursos disponíveis (institucionais, humanos e financeiros), bem como a adoção de linhas de ação prioritárias que permitam minimizar o impacto ambiental nos ecossistemas cavernícolas brasileiros e a realização de estudos e pesquisas para a identificação e caracterização do patrimônio espeleológico existente, visando promover a curto, médio e longo prazos a formação de recursos humanos, planejamento adequado e manejos compatíveis a cada realidade, a níveis local e regional, que resultem em sua efetiva proteção e adequado uso socioeconômico.
Com a execução do Programa de Proteção ao Patrimônio Espeleológico Brasileiro, o IBAMA espera que a sociedade considere as cavidades naturais subterrâneas muito mais que simples condutos existentes dentro da rocha, mas todo um ecossistema, frágil e delicado, que se inter-relaciona em total dependência com o meio externo, merecendo, por sua alta capacidade de concentração de diferentes recursos naturais e seu alto potencial no que se refere ao desenvolvimento científico do homem, especial atenção e proteção.
Fonte: www.vivabrazil.com

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