sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A nova geopolítica dos alimentos, por Lester Brown

 

Os alimentos são o novo petróleo. A terra é o novo ouro. Esta nova era se caracteriza pela carestia dos alimentos e propagação da fome.

Do lado da demanda, o aumento demográfico, uma crescente prosperidade e a conversão de alimentos em combustível para automóveis elevam o consumo a um grau sem precedentes.

Do lado da oferta, a extrema erosão do solo, o aumento da escassez hídrica e temperaturas cada vez mais altas tornam mais difícil expandir a produção. A não ser que seja possível reverter essas tendências, os preços dos alimentos continuarão subindo, e a fome continuará se propagando, derrubando o atual sistema social. É possível reverter estas tendências a tempo? Ou acaso os alimentos são o elo frágil da civilização de inícios do século XXI, em boa medida como foi em tantas civilizações anteriores, cujos vestígios arqueológicos são estudados agora? Esta redução das provisões alimentares do mundo contrasta drasticamente com a segunda metade do século XX, quando os problemas dominantes na agricultura eram a superprodução, os enormes excedentes de grãos e o acesso aos mercados por parte dos exportadores desses produtos.

Nesse tempo, o mundo tinha duas reservas estratégicas: grandes sobras de grãos (indo uma quantidade para o lixo ao se iniciar a nova colheita) e uma ampla superfície de terras de cultivo sem ser utilizadas, no marco de programas agrícolas estadunidenses para evitar a superprodução.

Quando as colheitas mundiais eram boas, os Estados Unidos faziam com que mais terras ficassem ociosas. Ao contrário, quando eram inferiores ao esperado, voltava a colocar as terras para produzir.

A capacidade de produção excessiva foi usada para manter a estabilidade nos mercados mundiais de grãos. As grandes reservas de grãos amortizaram a escassez de cultivos no planeta.

Quando as monções não chegaram à Índia, em 1965, por exemplo, os Estados Unidos enviaram a quinta parte de sua colheita de trigo ao país asiático para evitar uma fome de potencial catastrófico. E graças às abundantes reservas, isto teve pouco impacto sobre o preço mundial dos grãos.

Quando iniciou este período de abundância alimentar, o mundo tinha 2,5 bilhões de pessoas. Atualmente tem 7 bilhões. Entre 1950 e 2000, houve ocasionais altas no preço dos grãos em razão de eventos como uma seca severa na Rússia ou uma intensa onda de calor no Médio Oeste dos Estados Unidos. Entretanto, seus efeitos sobre o preço tiveram vida curta. No prazo de um ano, as coisas voltaram à normalidade. A combinação entre reservas abundantes e terras de cultivo ociosas converteu esse período num dos que se gozou de maior segurança alimentar na história.

No entanto, isso não duraria. Em 1986, o constante aumento da demanda mundial de grãos e os custos orçamentários, inaceitavelmente altos, fizeram que se eliminasse o programa estadunidense de reserva de terras agrícolas. Atualmente, os Estados Unidos têm algumas terras ociosas, no marco de seu Programa de Reserva para a Conservação, mas, tratam-se de solos muito susceptíveis à erosão. Acabaram-se os dias em que se contava com áreas, com potencial produtivo, prontas para produzirem rapidamente, caso fosse apresentada uma necessidade.

Agora o mundo vive apenas mirando no ano seguinte, sempre esperando produzir o suficiente para cobrir o aumento da demanda. Os agricultores de todas as partes realizam denodados esforços para cadenciar esse acelerado crescimento da demanda, mas possuem dificuldades para isto.

A escassez de alimentos conspirou contra civilizações anteriores. A dos sumérios e dos maias foram apenas duas entre as muitas cujo declive, aparentemente, deveu-se à incursão numa vereda agrícola que era ambientalmente insustentável.

No caso dos sumérios, o aumento da salinidade do solo, em consequência de um defeito em seu sistema de irrigação, que a não ser por isso era bem planejado, terminou devastando seu sistema alimentar e, por conseguinte, sua civilização. Em relação aos maias, a erosão do solo foi uma das chaves de seu desmoronamento, como também foi para tantas outras civilizações antigas.

A nossa também está nesse caminho. Porém, diferente dos sumérios, a agricultura moderna sofre o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. E, como os maias, também está lidando mal com a terra, gerando perdas sem precedentes do solo, a partir da erosão.

Na atualidade, também enfrentamos tendências mais novas, como o esgotamento dos aquíferos, o estancamento nos rendimentos dos grãos, em países mais avançados, a partir do ponto de vista agrícola e do aumento da temperatura.

Neste contexto, não surpreende o fato da Organização das Nações Unidas apontar, agora, que os preços dos alimentos dobraram em relação ao período 2002-2004.

Para a maioria dos cidadãos dos Estados Unidos, que gastam em média 9% de suas receitas em alimentos, isto não é o maior problema. Contudo, para os consumidores que gastam entre 50 e 70% de suas receitas em comida, o fato dos preços dos alimentos dobrarem é um assunto muito sério. A propagação da fome está estreitamente ligada com a redução das reservas de grãos e aumento no preço dos alimentos.

Nas últimas décadas do século passado, a quantidade de pessoas famintas no mundo foi reduzida, caindo para 792 milhões em 1997. Depois começou a aumentar, chegando a 1 bilhão. Lamentavelmente, caso continuem fazendo as coisas como de costume, o número de pessoas que passam fome continuará crescendo.

O resultado é que para os agricultores do mundo está se tornando cada vez mais difícil cadenciar a produção, diante da crescente demanda de grãos. Os estoques mundiais de grãos diminuíram há uma década e não foi possível reverter a situação. Caso não se consiga mudar isto, o que se espera é que, com a próxima má colheita, os alimentos se encareçam, a fome se intensifique e os distúrbios vinculados à alimentação sejam propagados.

O mundo está ingressando numa era de escassez alimentar crônica, que conduz a uma intensa concorrência pelo controle da terra e dos recursos hídricos. Em outras palavras, está começando uma nova geopolítica dos alimentos.
 

Educação Ambiental para compreensão dos divesos sistemas da natureza


Desde a antiguidade, mais em relação aos textos bíblicos, o homem fez seu diferencial, já que na própria escritura diz para o mesmo dominar todos os seres do Planeta, o que tornou-se um grande obstáculo para a inclusão do homem como conjunto e parte do meio ambiente.
Vigorou então o chamado antropocentrismo, o homem no centro de tudo, sendo a natureza apenas um instrumento para sua evolução, não levando-se em conta a simples verdade, que o homem faz parte da natureza e a natureza parte de nós, mas, infelizmente, houve a separação na história.
Agora vem diversos filósofos ambientais quebrar tal paradigma enraizado no sistema ociental, os ecocêntricos, tentando evoluir a mente humana em sua própria adequação natural com o meio ambiente, não podemos separar as duas coisas, pois viemos da própria natureza, e desvirtuar esse caminho que foi conjunturado a milênios, é o grande erro da humanidade, e um refúgio para a destruição de toda a natureza.
A importância de uma ética ambiental global, está na importância da educação ambiental como fonte de preservação, a primeira de todas as fontes, tendo certeza que se houvesse uma atitude de alfabetização ambiental no século XX, não seria necessário a criação de crimes ambientais, de uma legislação que prevesse tipos penais para cada ato degradante do mundo natural, mais uma vez, a falha foi do sistema, assim, o Poder Judiciário sobra como o solucionador de questões que poderiam ser previnidas no passado, e a máquina estatal cada vez mais lenta por não existir uma política pública voltada para a educação, raiz de toda a prevenção e combate a qualquer falha no sistema.
Por fim, Fritjof Capra, fundador e atual diretor do Centro para Alfebetização Ecológica em Berkeley, Califórnia, recebeu seu grau de doutor em Física Teórica pela Universidade de Viena, descreve: “À medida que nosso novo século se desdobra, a sobrevivência da Humanidade dependerá de nossa alfebetização ecológica: nossa capacidade de compreender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com eles. Este é um empreendimento que trasncede todas as diferenças de raça, cultura ou classe social. A Terra é nossa lar comum, e criar um mundo sustentável para nossas crianças e para as futuras gerações é uma tarefa para todos nós”.

 

As Antenas de Celular e os Efeitos na Saúde Humana


Diante da evolução das empresas de telefonia, e sendo o Brasil um dos maiores consumidores de celulares do mundo, a concorrência levou as instalações de diversas antenas de celulares por todos os municípios brasileiros.
O que sempre foi problema do Direito, é a evolução de suas regras de acordo com a evolução da sociedade, e hoje deparamo-nos com a instalação desenfreada, porém, na maioria licenciada, das respectivas antenas, no entanto, observando algumas destas, é constrangedor que suas instalações estejam próximas as residências, hospitais, escolas etc, lugares onde há grande público em seu eixo, posto que, há estudos científicos que comprovam que as antenas de celulares, mais propriamente, sua radiação, causam danos a saúde e ao meio ambiente.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que a convivência próxima a estas antenas pode ocasionar efeitos na saúde, como cataratas, glaucomas, doenças cardiovasculares. Entre outros efeitos, temos casos de distúrbios do sono, atividades epilépticas em crianças. Em estudos realizados com animais próximos a estas antenas, verificou-se no caso do gado mantido próxima as antenas, a diminuição na produção de leite, abortos espontâneos e natimortos, e no caso de galinhas, um estudo concluiu, estudo esse realizado pela Universidade de Warwick, Reino Unido, que dos 120 ovos chocados, um terço não eram sadios, e cerca da metade nasceram com defeitos. Em um estudo recente realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais,concluiu que quem vive até 100 metros próximo a antena de celular tem 33% mais risco de contrair câncer, além de diversos estudos internacionais que ligam as proximidades das antenas de celulares a proliferação de tumores cerebrais.
Com isto, é vasto o material de pesquisas relacionado as consequências dos danos à saúde oriundos das antenas de celulares, porém, até a presente data, observamos que o Poder Público, e seus órgãos fiscalizadores, seja em qualquer esfera administrativa, federal, estadual ou municipal, não se empenham como deveriam, quando dão as licenças para a construção, e o alvará de funcionamento da ANATEL, sem ao menos realizar um estudo aprofundado da vizinhança e do impacto à saúde das pessoas que ali se encontram, em prol, sempre, do capitalismo sem limites, pois, imagine a “grana” que deve rolar entre estas reuniões e jantares dos “fiscalizadores estatais” e empresários, estes, que provavelmente, não dormem debaixo de uma antena gigantesca, mas sim o povo, que sofre com o total descaso estatal.
Entrando na seara do Direito Ambiental, é sempre bom lembrar que cabe no caso em comento a aplicação do Princípio da Precaução, como bem descreve Paulo Affonso Leme Machado – precaução é ação antecipada diante de um risco sobre o qual ainda paire incerteza científica. Nada mais salutar lembrar também que o direito à saúde é um direito constitucional, e senão, um dos mais importantes da Constituição da República, e por estas razões principiológicas, frise-se, constitucionais, deveria o Estado fiscalizar com rigor as instalações destas antenas a conglomerados urbanos.
Ademais, por experiência própria, já participei de um processo de embargar uma instalação de antena em minha cidade, onde a associação de moradores entrou com uma ação contra uma grande empresa de telefonia, prezados leitores, não sabem a dificuldade da associação em morar ao lado de uma grande antena, todos apavorados, irritados com aquela construção ao lado de suas casas, e observando o processo, não havia sequer qualquer estudo de impacto ambiental da área, nem mesmo licença ambiental, muito menos qualquer relatório científico de efeitos à saúde, e a antena já instalada, aguardando apenas o a instalação final de suas redes, leia-se, o desrespeito as pessoas de comunidades pobres, como no caso que presenciei, é um absurdo, e o descaso estatal, ainda mais.
O Direito, e o Poder Judiciário terão que enfrentar estas questões sem qualquer influência das grandes empresas, o que é bem difícil no mundo corruptivo no qual vivenciamos cotidianamente em nosso sistema, porém, a luta dos bons deverá prevalecer algum dia, e a história fará com que as pessoas se conscientizem de que não se brinca com a saúde das pessoas, muito menos, com a paz e a tranquilidade de seu lar. Espero que caros amigos advogados especializados na área ambiental enfrentem estas problemáticas com o fim de propiciar a defesa da sociedade e da saúde da população, e que o Poder Público seja, se não for por vontade própria, compelido a ser fiscal concreto nas instalações de antenas de celulares pelos esperançosos operadores do Direito que prestigiam o bem estar social e a sadia qualidade de vida, das presentes, e futuras gerações. Uma das dicas que merece aqui ser cogitada é que a maioria das residências que foram afetadas pela instalação de antenas de celulares sofrem desvalorização patrimonial, e o proprietário poderá pedir indenização sobre a desvalorização do imóvel, com perícia técnica, fora o dano moral, que poderá ser baseado no potencial dano à saúde e a tranquilidade, tudo correlato a dignidade da pessoa humana.

O dano moral ambiental decorrente da falta de coleta de lixo regular


          

É obrigação do Poder Público a coleta de lixo regular em todos os bairros de uma cidade, e a falta dessa coleta pode gerar dano moral ambiental, não servindo como exclusão da responsabilidade a falta de licitação, aspecto burocrático interno não estampado nas exclusões de responsabilidade estatal, visto que a coleta de lixo regular é obrigação essencial do Estado e fundamental ao bem estar do cidadão, cidadão este protegido pela Constituição da República em sua dignidade, tendo como corolários a saúde e a qualidade de vida.
Diga-se “pode gerar” dano moral, porque cada caso é um caso a ser analisado, se o lixo vem ocasionando consequências negativas concretas para as pessoas ao redor, como o exagerado mau cheiro, a proliferação de animais que transmitem doenças, a limitação da via pública e sua passagem, bem como o entupimento de bueiros, ocorrendo alagamentos, tais fatos geram o dever de indenizar as pessoas que ali se encontram, sejam moradores da área, sejam pessoas que trabalham no local diariamente, posto que o dano moral que se pleiteia tem como base a mitigação normal do meio ambiente e a sadia qualidade de vida dos moradores e trabalhadores da área afetada por falha obrigacional do Estado, que através da omissão de coletar o lixo regularmente, recai em responsabilidade civil, frise-se, que é objetiva, gerando o dever de indenizar os prejudicados, tendo como pilar o dano moral ambiental.
Base legal: art. 5°, inc. V e X da Constituição da República, art.186 do Código Civil, Lei 7.347/85, Lei da Ação Civil Pública, art. 3° (obrigação de fazer ou não fazer – compensa o sofrimento vivenciado pela sociedade daquela região diante da perda da qualidade de vida pela alteração ambiental negativa) e art. 13 (fundo advindo do dinheiro advindo das indenizações para recuperação do bem degradado), art. 1°, inc. I da LCP, art. 225, $3° da CRFB e art. 14, $1° da Lei 6.938/81.
 
Fonte:

Vazamento: maior desastre ambiental dos EUA

 

 
Na noite de 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, arrendada pela empresa British Petroleum (BP), matou 11 funcionários no Golfo do México. Dois dias depois, a plataforma afundou a aproximadamente 80 quilômetros da costa da Louisiana, sul dos Estados Unidos. O petróleo cru começou a vazar da tubulação rompida a 1,5 quilômetro da superfície do mar, formando uma enorme mancha negra que se aproxima do litoral americano.

Desde então, o óleo vem prejudicando a fauna marinha, o turismo e a pesca na região. Todos os esforços da empresa BP para conter o vazamento falharam e o derrame deve continuar por mais um mês. Pela sua extensão, esse foi considerado o pior vazamento de petróleo da história dos Estados Unidos.

O desastre no Golfo do México trouxe como consequências:

  • ameaças ao ecossistema;
  • prejuízos à indústria pesqueira e ao turismo;
  • desgaste político do presidente Barack Obama;
  • revisão dos incentivos à indústria petroleira;
  • maior regulamentação do setor petrolífero;
  • incentivo à discussão sobre energias alternativas.
A mancha negra que se estende sobre o Oceano Atlântico, numa área equivalente a onze vezes a cidade do Rio de Janeiro, é a imagem da maior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos. O vazamento de petróleo cru e de gás no Golfo do México causou, além de danos ao meio ambiente, perdas econômicas e políticas para o governo de Barack Obama. E como todas as tentativas de conter o vazamento falharam, a mancha deve se alastrar por mais um mês, agravando a situação.

O acidente também obrigou o governo norte-americano a revisar as políticas de energia e a regulamentação do setor petrolífero que explora o óleo mineral em águas profundas. É uma discussão que também interessa ao Brasil, que deve definir em breve as regras de exploração do petróleo na camada pré-sal.

Na noite de 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, arrendada pela empresa British Petroleum (BP), matou 11 funcionários. Dois dias depois, a plataforma afundou a aproximadamente 80 quilômetros da costa da Louisiana, sul dos Estados Unidos. O petróleo começou a vazar da tubulação rompida a 1,5 quilômetro da superfície do mar, formando uma enorme mancha que se aproxima do litoral americano. Desde então, o óleo vem prejudicando a fauna marinha, o turismo e a pesca na região.

A mancha de óleo próxima à costa da Louisiana: desastre pode ser o pior da história do país / Foto: Reuters

Pela sua extensão, este foi considerado o pior vazamento de petróleo da história dos Estados Unidos. Estimativas iniciais do governo e da empresa BP apontavam o derramamento de 5 mil barris de petróleo cru por dia, o equivalente a 800 mil litros. No dia 27 de maio, porém, devido ao alerta de cientistas, foi verificado um volume muito maior: de 12 a 25 mil barris diários.

A quantidade acumulada é quase três vezes maior que o vazamento do navio petroleiro Exxon Valdez, ocorrido no Alasca em 24 de março de 1989, até então considerado o mais grave em águas norte-americanas. Na ocasião, foram espalhados 250 mil barris (40,9 milhões de litros) de petróleo cru no mar, provocando a morte de milhares de animais. Tudo indica que, desta vez, a catástrofe será maior para o ecossistema.

Pelicanos

O Departamento de Pesca dos Estados Unidos emitiu um boletim alertando para os danos causados a animais marinhos do Golfo, tanto pelo petróleo quanto por produtos tóxicos usados na limpeza. Segundo o documento, os componentes químicos causam irritações, queimaduras e infecções na pele. A ingestão pode trazer problemas ao aparelho gastrointestinal, danificar órgãos e, a longo prazo, levar à morte.

Entre os animais em risco está a ave-símbolo do Estado de Louisiana, o pelicano marrom. O santuário da espécie - a ave só recentemente saiu da lista de animais ameaçados de extinção - foi atingido pelo petróleo. Toda vez que o pelicano marrom mergulha atrás de peixes, ele fica com as penas cobertas de óleo; desse modo, não consegue regular a temperatura corporal e morre de hipotermia.

Quatro espécies de tartarugas marinhas, além de golfinhos, cachalotes, camarões e outros crustáceos e peixes (o Golfo do México é um dos únicos viveiros, no mundo, do atum rabilho) estão entre as espécies ameaçadas. O plâncton, inclusive, organismo que está na base da cadeia alimentar marinha, não sobrevive em contato com o petróleo.

A mancha de petróleo colocou em alerta toda área costeira de Louisiana e das regiões vizinhas da Flórida, do Mississipi e de Alabama. O acidente também afetou a indústria pesqueira, os serviços, o comércio e até o turismo, uma vez que as praias ficaram sujas de óleo. A pesca comercial e recreativa foi proibida. O motivo, segundo o governo, é proteger a população do consumo de moluscos contaminados com componentes cancerígenos do petróleo.

Criadores de camarão tiveram a atividade suspensa e abriram processos judiciais contra a BP. A Louisiana é o maior Estado produtor de camarões nos Estados Unidos.

Somados, os prejuízos para a economia podem chegar a mais de US$ 1,6 bilhão (R$ 2,9 bi), de acordo com especialistas. O Estado de Louisiana ainda gastou cerca de US$ 350 milhões (R$ 638,9 milhões) em barreiras de contenção.

Há 31 anos, o ecossistema do Golfo do México foi afetado por um acidente semelhante. Em 3 de junho de 1979, a plataforma Ixtoc I explodiu na baía de Campeche, a 100 quilômetros da costa mexicana. Foram derramados entre 10 e 30 mil barris de petróleo por dia, até que a tubulação foi tampada em 23 de março 1980. Traços de petróleo ainda eram visíveis três anos depois da tragédia.

Exploração

Todas as tentativas da BP para conter o vazamento falharam: a empresa tentou injetar uma mistura de lama e cimento na tubulação, colocar uma capa de proteção, sugar o petróleo com mangueiras e cavar poços ao lado da plataforma submersa. Na mais recente tentativa, iniciada no dia 1º de junho, a ideia era usar robôs submarinos para instalar um equipamento que pode redirecionar o fluxo para a superfície, onde o petróleo será recolhido em navio.

Enquanto isso, por conta do acidente, o presidente Barack Obama amarga, além da queda de popularidade, uma crise política. Ele foi acusado pela oposição republicana de demorar muito para resolver o caso e de mau gerenciamento nos esforços de contenção da mancha. A situação do presidente foi comparada à de seu antecessor, George W. Bush, criticado pela lentidão no socorro às vítimas do furacão Katrina, que devastou New Orleans (na mesma região) em 2005.

Em maio de 2010, pressionada pelos republicanos e contrariando ativistas ambientais, a Casa Branca deu passe livre para que as multinacionais petrolíferas ampliassem a exploração em águas profundas. Agora, Obama foi obrigado a admitir o excesso de confiança na autorregulamentação das empresas e adotar medidas de cancelamento da prospecção de petróleo no Golfo do México, além de prorrogar a moratória (suspensão de verbas) para a exploração na costa do Atlântico.

Como resultado do desastre em Louisiana, os Estados Unidos devem apertar o cerco às agências reguladoras do setor e obrigar a indústria a investir em mais segurança. Assim, o custo de extração e produção de petróleo deverá sofrer aumentos, podendo afetar também os investimentos na camada pré-sal, no Brasil, e reorientar as metas de segurança da Petrobras.

Por fim, o acidente na costa dos Estados Unidos dá novo fôlego ao debate sobre energias alternativas. O petróleo, que hoje é a principal fonte de energia do mundo, é escasso, cada vez mais caro, cria políticas de guerra (como no Oriente Médio) e danos ao meio ambiente. Os Estados Unidos respondem por apenas 2% das reservas do planeta e a produção interna atende a um quinto do consumo doméstico. Para o gigante econômico, a solução se delineia, cada vez mais, num futuro em que o desenvolvimento do país seja menos movido pelo "ouro negro".

EUA levarão anos no combate ao vazamento de petróleo


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursou sobre o
vazamento de óleo no Salão Oval da Casa Branca
'Contaminação é pior catástrofe ambiental que os EUA já viram', diz Obama. Presidente disse que fará empresa pagar pelo prejuízo e indenizar vítimas.

Os Estados Unidos levarão meses e até mesmo anos no combate ao que chamou de 'epidemia' provocada pelo vazamento do petróleo no Golfo do México, alertou, em 15 de junho, o presidente americano, Barack Obama, afirmando ainda que mobilizará milhares de homens da Guarda Nacional para ajudar nesta batalha e que fará a petroleira britânica BP pagar pelos danos. "Esta contaminação é a pior catástrofe ambiental que os Estados Unidos já viram. E diferente de um terremoto ou um furacão, não é um acontecimento pontual, que causa danos em questão de minutos ou em poucos dias", disse Obama em discurso à Nação.

A quantidade de petróleo que vaza "para o Golfo do México parece mais uma epidemia que nós combateremos durante meses e, inclusive, anos", acrescentou o presidente, que anunciou ter autorizado a mobilização de 17 mil homens da Guarda Civil para combater a maré negra e que contatou os governadores dos estados afetados pelo desastre para colocar estes homens para trabalhar prontamente.

No discurso, o presidente disse ainda que o vazamento de óleo é "o maior e mais doloroso desastre ambiental", e reforçou que a "hora de buscar formas de energias limpas para o futuro é agora".

Obama prometeu "fazer a BP pagar" pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, e disse que ordenará ao presidente da BP a criar um fundo gerenciado de forma independente para indenizar as vítimas.

Derramamento

Obama completou neste dia com uma visita à base aeronaval de Pensacola uma viagem por três dos estados mais afetados pelo desastre: Mississipi, Alabama e Flórida.

Antes do pronunciamento, o presidente americano discursou para cerca de 3,5 mil soldados e reconheceu que as pessoas estão "assustadas" e "zangadas" com o vazamento, o pior desastre ecológico na história dos EUA. "Meu governo fará todo o necessário durante o tempo que for necessário" para assegurar que esta situação seja superada e o Golfo do México volte à normalidade.

O derrame de petróleo, que antes da colocação de um sino de contenção sobre o poço, chegou aos 6,4 milhões de litros diários.

OS 10 PIORES DESASTRES AMBIENTAIS
Chernobyl, Ucrânia, 26 de abril de 1986
Explosão em um reator de usina nuclear durante uma prática de segurança de rotina. Ele ultrapassou o nível de aquecimento do reator de 1000, que explodiu e provocou uma nuvem radioativa sobre a União Soviética e Europa oriental. A radiação matou 4 quilômetros quadrados de vegetação e mortos pelas águas do rio Pripyat, que alimenta o rio Dnieper, que em vez de abastecimento de água para grande parte da Europa Oriental.
Bhopal, na Índia, 3 de dezembro de 1984
Um vazamento de 42 toneladas de isocianato de metila da fábrica da Union Carbide E.U. causou um dos piores desastres na memória. Em contato com a atmosfera, o composto foi transformado em gases tóxicos, como cinahídrico hidrogênio, que formaram uma nuvem mortal que matou 20.000 pessoas e milhares de animais e de animais de estimação. Além disso, em torno do local do acidente, estavam contaminados por substâncias tóxicas e metais pesados, o que levará muitos anos para desaparecer.
Golfo Pérsico, 1991
A guerra entre o Iraque e as forças aliadas lideradas pelos Estados Unidos provocou um dos maiores desastres ambientais do século XX, devido à queima de poços de petróleo, que emitiu enormes nuvens de chuvas de cinzas negras causa que matou a vegetação e água poluída.Além disso, o derrame de petróleo no Golfo foi entre 10 e 12 vezes o desastre aconteceu um par de anos atrás na costa do Alasca, quando o petroleiro Exxon Valdez derramou no mar 11 milhões de barris de petróleo.
Golfo do México, em junho de 1979 a março 1980
O poço de petróleo Ixtoc me quebrou durante o processo de extração de gás e petróleo, resultando em um derrame no mar de cerca de 30.000 barris de petróleo, com grandes prejuízos para a vida marinha em uma área ampla.
Província de Henan, China, agosto de 1975
Por causa da força do tufão Nina, a barragem rompeu e inundou Banquiao província de Henan, com 2,300 milhões de toneladas de água, que varreu aldeias e todas as formas de vida no local.
Minamata, no Japão 1928-1968
Durante 40 anos a corporação Chris atirou na baía de Minamata resíduos químicos derivados do processamento petroquímico. Isso fez com que a vida marinha da região foi gravemente poluídos. Quase 3.000 pessoas tiveram de comer peixe e marisco dessas águas.
Marinduque, Filipinas, 24 de março de 1996
A mineradora canadense tiro Marcopper empresa e rios Boac Makulapnit 1,5 milhões de metros cúbicos de areia resultante da extração de metais preciosos, que ultrapassou 200% os limites admissíveis de 1300% de zinco e do que é tolerável para o homem. Poluição da água desses rios causou a intoxicação de centenas de civis.
Mina Grande Roménia, 30 de janeiro de 2000
Engenheiros em Baia Mare (Mina Grande) cianeto utilizado para purificar a extração de metais preciosos. As sobras do processo, 100.000 m³ de rocha em pó contaminado foram atirados ao Szamos e rios Tisza, cujas correntes são para a Hungria. As águas desses afluentes, com 700 vezes o nível normal de cianeto e outros metais tóxicos.
Meda, Itália, 10 de julho de 1976
Uma explosão na empresa de produtos químicos Meda, dedicada à fabricação de perfumes e cosméticos, uma nuvem de dioxinas, que matou 193 pessoas instantaneamente e poluição do ar de 11 comunidades dos arredores.
Tokai, Japão, 30 de setembro de 1999
JCO usina nuclear, uma série de explosões durante 20 horas. Na reação em cadeia foram liberados no meio ambiente de poluentes altamente tóxicos.
Créditos: EFE | France Presse | Página 3 PedagogiaAche os cursos e faculdades ideais para você. É fácil e rápido. & Comunicação