terça-feira, 3 de abril de 2012

SERINGUIRA X CLIMA X SUSTENTABILIDADE

Câmara setorial estrutura plano para alcançar autossuficiência na produção de borracha natural


Câmara setorial da borracha
Câmara setorial estrutura plano para alcançar autossuficiência na produção de borracha natural
Até 2031 a Bahia deverá ter 100 mil hectares de seringueira
A abertura de linhas de créditos especiais do Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil e Desenbahia para a cultura da seringueira, e a definição de como cada uma da indústrias de pneumáticos instaladas na Bahia poderão participar do “Programa de Desenvolvimento do Setor da Borracha Natural do Estado da Bahia – Prodebon”, foram os principais assuntos discutidos nesta quarta-feira, (28), em Ilhéus, pela Câmara Setorial da Borracha Natural, em reunião presidida pelo secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles. A reunião aconteceu no Centro de Convenções de Ilhéus, onde está sendo realizado o I Simpósio Brasileiro da Pupunheira, evento que contou com a participação do secretário, na mesa redonda “Casos de Sucesso do Agronegócio Palmito de Pupunha na Bahia”, moderada pelo diretor do Centro de Pesquisa da Ceplac, Adonias Filho.
Eduardo Salles explicou que a Câmara Setorial da Borracha Natural acaba de elaborar o “Programa de Desenvolvimento do Setor da Borracha Natural do Estado da Bahia – Prodebon”, que visa alcançar a autossuficiência da Bahia na produção de borracha, e tem entre suas metas a implantação de 100 mil hectares de seringueiras até 2031, elevando a produção para 300 mil toneladas/ano, e a geração de 34 mil empregos diretos, que hoje são 6.557 postos de trabalho. A Bahia é o segundo maior produtor nacional de borracha natural, atualmente com 32.314 hectares plantados, e produção de 17.2 mil toneladas/ano de borracha seca. Está produção responde por apenas 30% do consumo interno.
“Agora estamos detalhando o Prodebon para definir a participação de cada parceiro”, disse o secretário, afirmando ainda que as indústrias de pneus instaladas na Bahia já demonstraram interesse de participar, “e nós vamos fazer planos detalhados para cada uma delas, definindo como elas poderão participar. Estamos identificando os papéis e responsabilidades de cada elo da cadeia e discutindo as estratégias de execução do plano, que será entregue ao governador Jaques Wagner”. De acordo com ele, “a Bahia se prepara para dar um salto qualitativo e quantitativo nos próximos 20 anos”.
O PROGRAMA
O anteprojeto do “Programa de Desenvolvimento do Setor da Borracha Natural do Estado da Bahia, entregue, há algumas semanas, ao secretário Eduardo Salles, durante reunião extraordinária da Câmara Setorial da Borracha, realizada no Espaço Verde da Michelan, no município de Igrapiúna, vai atender a 18.300 produtores, em sua maioria da agricultura familiar. O ato de entrega, que se tornou um marco na história da heveicultura baiana, contou com a participação de cerca de 70 representantes de todos os segmentos da cadeia, presidentes de associações e cooperativas de produtores, vereadores de vários municípios, secretários de Agricultura, além do vice-prefeito de Ituberá e técnicos e diretores da Ceplac.
“A Ceplac e a EBDA serão fundamentais no desenvolvimento do Programa, mas temos que inserir o Ministério do Desenvolvimento Agrário, MDA, buscar o apoio e participação das prefeituras dos municípios dos sete territórios de identidade que estão na área de abrangência do programa, do Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil e Desenbahia, além das indústrias pneumáticas instaladas na Bahia”, disse o secretário. Salles estimulou a Câmara Setorial, produtores, associações e cooperativas a agilizar os planos de ação, e afirmou que “desejo o quanto antes assinar convênios com as entidades envolvidas para que já nos meses de janeiro e fevereiro do próximo ano possamos coletar as sementes com as quais faremos as primeiras mudas que iniciarão a expansão da heveicultura na Bahia”.
PROGRAMA É DA CADEIA PRODUTIVA
Para o diretor geral da Ceplac, Jay Wallace, o Prodebon, além de ser estratégico para a Bahia e para o Brasil, tem grande importância por não ser um plano de governo. “É uma demanda que vem do próprio setor, da cadeia produtiva, elaborado pela Câmara Setorial da Borracha, um ano depois de sua criação. Wallace destacou que se o Brasil não ampliar sua produção de borracha vai criar um gargalo que poderá esfriar o interesse de montadoras se instalar no País.
A produção de borracha na Bahia localiza-se no Pólo Ituberá, (Baixo Sul), e Pólo Una, (Litoral Sul), e no Pólo Itamaraju, (Extremo Sul), que está se formando. Mas, com a implantação do programa de desenvolvimento, a heveicultura será expandida para os municípios dos territórios de identidade Agreste, Médio Rio de Contas, Recôncavo e Vale do Jequiriça.
O secretário executivo da Câmara Setorial, Ivo Cabral Junior, informou que na Bahia estão funcionando quatro indústrias de Pneu. São a Pirelli e a Vipal, em Feira de Santana, e as Bridgestone e Continental, em Camaçari. O Estado conta apenas com duas indústrias beneficiadora da borracha, que são a Agroindustrial, em Ituberá, e a unidade da Michelan, em Igrapiúna. A maior parte da matéria prima utilizada pelas pneumáticas da Bahia é importada.
INCLUSÃO SOCIAL
Um dos responsáveis pela elaboração do Programa, o engenheiro agrônomo e diretor do Centro de Pesquisas do Cacau, Adonias de Castro Filho, disse ao apresentar o documento que o “Programa de Desenvolvimento do Setor da Borracha Natural do Estado da Bahia “é importante para o desenvolvimento do Estado, inclusão social e erradicação da miséria”. Ele explicou que a lavoura de seringueira consorciada com cacau tem grande rentabilidade, podendo chegar a R$ 13 mil por hectare/ano.
A Bahia, que já é o segundo maior pólo produtor de borracha, atrás apenas do Estado de São Paulo, dá um importante passo para se tornar autossuficiente, num momento em que o País precisa aumentar a produção e também buscar a autossuficiência. Em 2009, o Brasil produziu 104 mil toneladas de borracha e consumiu 261 mil toneladas. No ano passado, o consumo cresceu para 320 mil toneladas.
De acordo com Ivo Cabral Junior, secretário executivo da Câmara Setorial da Borracha Natural, em 2010, a importação brasileira de borracha natural alcançou a marca de 790 milhões de dólares. “De 1998 a 2008, a produção brasileira cresceu 54%, e o consumo aumento 84% e, em valor monetário, as importações tiveram crescimento de 111%”.
Especialistas do setor estimam que no ano 2020 o Brasil estará consumindo 680 mil toneladas de borracha, número que no ano 2030 chegará a 1,3 milhão de toneladas. “Para ter autossuficiência, até o ano 2030 o Brasil deverá área plantada de 830 mil hectares.
EXPOFENITA
Em Itabuna, o secretario Eduardo Salles visitou a Exposição Feira Industrial e Agropecuária (Expofenita), e participou a abertura da Feira dos Municípios, organizada pela Associação dos Municípios do Sul, Extremo Sul e Sudoeste, coordenada por seu presidente, Cláudio Dourado, prefeito de Uruçuca. “Fico muito feliz por participar deste evento, que revigora a cultura regional e fortalece os municípios”, disse Salles, destacando que um evento desta importância deve ser mantido e fortalecido. Participaram também da abertura o presidente da CAR, Vivaldo Mendonça, e o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Eduardo Salles.
O secretário percorreu os estandes da agricultura familiar, onde foram apresentados produtos como chocolate, frutas cristalizadas, licores e artesanato. Salles destacou os investimentos na agricultura familiar, como a ampliação do acesso ao Pronaf e programas de capacitação profissional e acesso ao crédito. “O governo do Estado trabalha para fortalecer a lavoura cacaueira, através da verticalização da produção que inclui a implantação de fábricas de chocolate, e programas de diversificação de culturas como a seringueira, pupunha, flores e frutas”, afirmou.
Fonte: Ascom Seagri/Josalto Alves – Daniel Thame/Assessoria de Comunicação da Ceplac
Fotos: Heckel Junior
Ascom-Rezende