segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Muitas questões para serem resolvidas em 24h


JMA-Jornal Meio Ambiente | Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto Carbono Brasil
Faltam poucas horas para o final da 18ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que durou duas semanas na cidade de Doha no Catar, e apesar de alguns países europeus terem disponibilizado novas verbas para ações de adaptação e mitigação e de avanços com relação ao Protocolo de Quioto, o resultado que se projeta para o evento é bastante fraco.

Durante toda a COP 18 a questão do financiamento foi a responsável por travar as negociações, sendo que os países mais ricos adotaram um discurso de que por causa da crise econômica mundial pouco poderiam se comprometer.

“Estes são tempos difíceis na Europa. Acredito que não estaremos em uma posição de nos comprometer financeiramente com metas de longo prazo antes de 2015”, afirmou Pete Betts, negociador britânico.

No total, Reino Unido, Alemanha, França, Dinamarca e Suécia colocaram €6,85 bilhões à disposição dos países em desenvolvimento na forma de financiamento rápido para lidar com as consequências das mudanças climáticas.

Isso representa muito pouco perto dos US$ 100 bilhões que foram prometidos para capitalizar o chamado Fundo Climático Verde (GCF, em inglês), que teoricamente deveria ser detalhado nesta COP.

Segundo Ronny Jumeau, embaixador de Seicheles, que é membro da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), esses US$ 100 bilhões não são uma quantia tão grande assim se for comparado aos orçamentos das nações ricas.

“Os governadores de Nova York, Nova Jersey e Connecticut devem receber US$ 83 bilhões para as reconstruções necessárias após a passagem da tempestade Sandy. E não estamos falando de dinheiro para daqui dez anos, como é o caso do GCF, todo esse recurso será liberado imediatamente. Será que US$ 100 bilhões é realmente pedir demais?”

Quem também contestou a maneira como as negociações sobre financiamento foram feitas foi a Venezuela.

“Cooperação não deveria envolver mendigagem por recursos. Ainda mais recursos que o UNFCCC afirma que somos merecedores e que os países desenvolvidos são obrigados a providenciar por causa de sua contribuição histórica ao aquecimento global”, afirmou Claudia Salerno, negociadora chefe da delegação venezuelana.

Refletindo esse estado de divergências, diversas ONGs internacionais divulgaram na quinta-feira (6) uma declaração conjunta dizendo que as negociações estão à beira de um desastre.

Avanços

A COP 18 pode não apresentar resultados muito robustos, mas houve progressos em alguns pontos, principalmente no Protocolo de Quioto.

O texto rascunho para o segundo período de compromissos foi finalmente aprovado e se, neste último dia, tudo correr como o esperado, um documento final deve ser apresentado.

O rascunho possui muitos pontos em aberto que precisam ser esclarecidos no decorrer desta sexta-feira, principalmente com relação ao chamado “Hot Air”. Também será necessário definir se o protocolo seguirá em vigor até 2017 ou 2020.

Outro destaque foi o anúncio de que o governo da Noruega vai liberar US$ 178 milhões para a preservação da Amazônia. Os recursos fazem parte de um acordo bilateral assinado em 2008 que prevê o repasse de até US$ um bilhão se o Brasil apresentar bons números de redução de desmatamento.

É provável que as últimas horas da COP 18 tragam mais alguns avanços, repetindo o que aconteceu nas última edições, quando a proximidade do fim do encontro fez com que os ministros buscassem acordos com mais afinco.

Imagem: Jan Golinski/UNFCCC

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