segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Crise do excesso de créditos de carbono prejudica negociações sobre Protocolo de Quioto

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3/12/2012 - Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil

De um lado, as nações do Leste Europeu, principalmente a Polônia, querem ter o direito de vender durante a próxima fase do Protocolo de Quioto os créditos de carbono que acumularam nos últimos anos graças à queda da sua produção industrial. Do outro, países que são sede de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), como o Brasil, argumentam que se esses créditos fizerem parte do mercado, os preços do carbono despencarão ainda mais e colocarão em risco a ferramenta.

Em entrevista para o jornal britânico The Guardian, o chefe da delegação brasileira na Conferência do Clima de Doha (COP 18) afirmou que a disputa está prejudicando as negociações sobre o futuro do Protocolo de Quioto.

“A segunda fase de Quioto precisa ter integridade ambiental e isso não será possível se os países puderem utilizar créditos de agora”, declarou o embaixador André Corrêa do Lago.

A Polônia, que será sede da próxima COP, já teria lucrado mais de € 190 milhões vendendo parte de suas permissões de emissões (AAUs) excedentes para outras nações. Diante da crise econômica que os poloneses enfrentam, o governo de Varsóvia não quer de jeito nenhum abrir mão dos mais de 500 milhões de AAUs que ainda possui.

“Eles estão debatendo esse assunto dentro do bloco europeu e realmente esperamos que cheguem a uma solução. Esta é uma falha que significa que eles não reduzirão as emissões como prometeram”, disse Lago.

Na última quinta-feira (29), uma carta aberta assinada por 156 ONGs, incluindo Greenpeace, WWF e Climate Action Network (CAN), já pedia o fim do uso desse excesso de créditos.

A grande oferta, agravada pela pequena demanda resultante da saída de países como Japão e Canadá do Protocolo de Quioto, está fazendo com que os preços do créditos de carbono, fiquem muito abaixo do mínimo desejado para incentivar os investimentos em tecnologias limpas.

Nesta segunda-feira (2), a bolsa europeia ICE está negociando as Reduções Certificadas de Emissão (RCEs) do MDL com vencimento em março de 2013 a apenas €0,47. Para se ter ideia, em dezembro de 2011 as RCEs estavam sendo comercializadas acima dos €4.

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