A urbanização da sociedade aconteceu de forma desigual em todo mundo. Os
países considerados “centrais” assistiram primeiramente aos seus processos de
urbanização, apesar de outras civilizações antigas também apresentarem o seu
espaço urbano. Com o processo de colonização e o consequente subdesenvolvimento,
a urbanização nos países periféricos consolidou-se apenas em meados do século
XX, fruto da industrialização tardia desses países.
O fato é que os distintos processos de urbanização estão diretamente
ligados à industrialização e todos eles apresentam problemas tanto de caráter
social quanto de caráter ambiental. Boa parte desses problemas não está ligada
somente ao processo de urbanização em si, mas também à má distribuição de renda
e às contradições sociais.
Problemas sociais urbanos
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação
urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de
planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao
crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o
encarecimento dos locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os
inacessíveis à grande massa populacional. Além disso, à medida que as cidades
crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras, o
que contribui para que a grande maioria da população pobre busque por moradias
em regiões ainda mais distantes.
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência
com os centros comerciais e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora
maioria dos habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores com
baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte
público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às
vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices
de violência.
A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no
espaço das grandes, médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos.
Esse problema acontece por dois principais motivos: 1) falta de poder
aquisitivo da população que possui terrenos, mas que não possui condições de
construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que esses se
tornem mais caros para uma venda posterior. Esses lotes vagos geralmente
apresentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se
focos de doenças, como a dengue.
Dentre os problemas sociais urbanos, entretanto,
o principal é o processo de favelização. Esse se associa também à
concentração de renda, ao desemprego e à falta de planejamento urbano. Muitas
pessoas, por não disporem de condições financeiras para custear suas moradias,
acabam não encontrando outra saída senão ocupar de forma irregular (através de
invasões) áreas que geralmente não apresentam características favoráveis à
habitação, como os morros com elevada declividade.
A formação e proliferação de favelas é a principal denúncia das
desigualdades sociais no espaço urbano e são elementos característicos das
grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e muitas
outras. Vale lembrar que esse não é um fenômeno exclusivo dos países pobres. A
estimativa da ONU é de que, até 2030, mais de 2 bilhões de pessoas estarão
morando em favelas em todo mundo.
Problemas ambientais urbanos
Muitos dos problemas ambientais urbanos estão diretamente ligados aos
problemas sociais. Por exemplo: o processo de favelização contribui para a
agressão ao meio ambiente, visto que as ocupações irregulares geralmente
ocorrem em zonas de preservação ou em locais próximos a rios e cursos d’água.
Ademais, sabe-se que os problemas ambientais, sejam eles urbanos ou não,
são produtos da interferência do homem na natureza, transformando-a conforme
seus interesses e explorando os seus recursos em busca de maximização dos
lucros sem se preocupar com as consequências.
As zonas segregadas, locais mais pobres da cidade, costumam ser palco
das consequências da ação humana sobre o meio natural. Problemas como as enchentes
são rotineiramente noticiados. E a culpa não é da chuva.
Em alguns casos, o processo de inundação de uma determinada região é
natural, ou seja, aconteceria com ou sem a intervenção humana. O problema é
que, muitas vezes, por falta de planejamento público, loteamentos e bairros são
construídos em regiões que compõem áreas de risco. Em outras palavras, em
tempos de seca, casas são construídas em locais que fazem parte dos leitos dos
rios e, quando esses rios passam pelas cheias, acabam inundando essas casas.
Em outros casos, a formação de enchentes está ligada à poluição urbana
ou às condições de infraestrutura, como a impermeabilização dos solos a partir
da construção de ruas asfaltadas. A água, que normalmente infiltraria no solo,
acaba não tendo para onde ir e deságua nos rios, que acumulam, transbordam e
provocam enchentes.
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