terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vision 2050


  O relatório Visão 2050, estabelece um caminho que leva a uma população global de cerca de 9 bilhões de pessoas vivendo bem, dentro dos limites de recursos do planeta em 2050. Este trabalho resulta de um esforço de 18 meses combinado com CEOs e especialistas, e os diálogos com mais de 200 empresas e stakeholders externos em cerca de 20 países.

O relatório explicita o "must haves" - as coisas que devem acontecer durante a próxima década para fazer uma sociedade sustentável planetário possível. Estes incluem a incorporação dos custos de externalidades, a partir de carbono, serviços ambientais e da água, para a estrutura do mercado; dobrar a produção agrícola sem aumentar a quantidade de terra ou de água utilizada; frear o desmatamento e aumentar a produção de florestas plantadas: reduzir pela metade as emissões de carbono em todo o mundo (com base nos níveis de 2005) até 2050, através de uma mudança para sistemas de baixo teor de carbono de energia e eficiência energética pelo lado da demanda, e proporcionar o acesso universal à mobilidade de baixo carbono.

Visão 2050, com o seu melhor cenário para a sustentabilidade e os caminhos para alcançá-lo, é uma ferramenta para liderança de pensamento, uma plataforma para o início do diálogo que deve ter lugar para navegar nos anos difíceis que virão.

Parte do Brasil

O CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável realizou, hoje, na sede do Grupo Abril, o lançamento do relatório internacional Vision 2050, resultado de um trabalho com mais de 200 empresas de cerca de 20 países, que teve como preocupação pensar no que será necessário fazer para que, daqui a 40 anos, as 9 bilhões de pessoas no mundo tenham acesso a saúde, educação, alimentação, moradia, energia, mobilidade etc.

Coube a Björn Stigson, presidente do WBCSD – World Business Council for Sustainable Development –, apresentar o relatório. Segundo ele, o mundo está em fase de transição para a sustentabilidade, o que implica em mudanças tanto na sociedade quanto na economia para lidar com as pressões sobre o meio ambiente. E os desafios a serem enfrentados nas próximas décadas não serão poucos.

De acordo com Stigson:
- 70% das pessoas viverão em países em desenvolvimento, como o Brasil, o que significa que a maior parte dos investimentos financeiros estará nesses locais;
- dois terços do PIB virão dos países em desenvolvimento;
- 6 bilhões de pessoas vão morar em áreas urbanas, o que exigirá avanços significativos em termos de infraestrutura, qualidade de vida e mobilidade;
- o Brasil já está se urbanizando mais do que as outras economias emergentes e seus investimentos em infraestrutura realizados pelo setor privado também são superiores;
- para atender às necessidades de alimento no mundo, em 2050, será necessário dobrar a produção atual de comida.

Diante desse cenário e da limitação de recursos naturais, Björn Stigson convidou os CEOs presentes no evento a se questionarem sobre qual será o papel das empresas no futuro. “Se fizermos da maneira errada, não será fácil alcançar a sustentabilidade”, afirmou.

O presidente do WBCSD observou que, até então, a história do mundo foi marcada por uma visão de crescimento, no entanto, estamos próximos de uma situação-limite em que esse paradigma deverá ser repensado. “O Visão 2050 foi formulado para que 9 bilhões de pessoas vivam bem, dentro dos limites do planeta. O desafio é chegar aonde nenhum país chegou ainda e melhorar a qualidade de vida da população mundial sem aumentar nossa pegada ecológica”.

Para ele, isso só irá ocorrer se forem feitas ações coordenadas e radicais, realizadas por muitos parceiros. Entre as tantas iniciativas que serão necessárias, é preciso pensar na eficiência dos sistemas energéticos, na construção de edifícios auto-sustentáveis e mesmo geradores de energia, no aproveitamento das florestas em pé, na mobilidade sistêmica de baixo impacto nos centros urbanos e no desperdício zero. “Precisamos de uma revolução verde”, resume Björn.

Ele ainda acredita que boa parte dessas mudanças caberá ao empresariado, já que, muitas vezes, os governos não demonstram a mesma habilidade em fazê-lo. “Haverá muitas oportunidades para as empresas que compreenderem o que este momento significa”. Björn também diz que será necessário transformar o mercado interno e a economia se quisermos vencer a corrida verde.

Sua opinião é de que o Brasil ainda não entrou, de fato, na jogada, como já fizeram os países da União Européia, os Estados Unidos, a China – determinada a ser líder mundial em exportação de tecnologia verde – e mesmo a Índia, que tem procurado soluções simples e locais que melhorem as condições de vida de sua população pobre.

No entanto, Björn Stigson diz que o Brasil tem muitos pontos fortes para participar de maneira significativa nesta corrida. “Vocês têm uma situação energética única, muitos produtos renováveis e uma grande biocapacidade, mas, se quiserem ser líderes no futuro, é preciso começar agora”.

“O mundo não será bem sucedido se o empresariado não oferecer soluções para o planeta e estiver realmente comprometido com isso. E empresas não podem ser bem sucedidas em sociedades fracassadas”.

 
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