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  Com o início da demanda do mundo industrializado pela borracha, 
os empresários "Seringalistas", ou "Coronéis de Barranco" estabeleceram na 
Amazônia um sistema de semi-escravidão capitalista: Eles obrigaram grande parte 
da população indígena de forma violenta a trabalhar para eles, transformando-os 
em "caboclos seringueiros". Os ingleses logo descobriram o potencial econômico 
da borracha, e no ano 1876, um Inglês chamado Henry Wickham levou sementes de 
seringa da Amazônia para Inglaterra. Foram formados os seringais de cultivo na 
Malásia, e a produção estrangeira superou logo a produção Brasileira. 
  Houve um segundo surto da borracha no Brasil durante a segunda guerra 
mundial, quando aumentou a demanda pela borracha e os brasileiros sujeitos ao 
serviço militar tinham que escolher entre lutar na guerra ou trabalhar como 
seringueiro na Amazônia. Com o fim da guerra a demanda novamente caiu. A partir 
de de 1970 chegaram os fazendeiros na Amazônia, expulsando os Seringueiros, 
derrubando a floresta e assim iniciando os conflitos de terra. Sob esta ameaça, 
os seringueiros começaram a se unir em cooperativas e sindicatos, e surgiram as 
grandes lideranças dos seringueiros como Chico Mendes, assassinado em 1988 pelos 
fazendeiros Darly e Darcy Alves da Silva. 
  Devido às dificuldades 
econômicas, a falta de condições básicas de saúde e educação, mais e mais 
seringueiros abandonam a floresta num grande êxodo rural e vão pelas periferias 
das cidades, onde a miséria continua crescendo. Para incentivar a permanência 
dos seringueiros na floresta, precisa-se encontrar formas de beneficiamento do 
látex mais rentáveis, sendo uma delas o Couro Vegetal. 
  
Em 1978, Wilson Manzoni, artesão paulista, presidente e 
fundador da APAS chegou a Rio Branco do Acre. Ele conheceu o padrinho Sebastião 
Mota de Melo, seringueiro e líder comunitário, com quem conviveu e aprendeu os 
mistérios da Seringa. Foi pioneiro na comercialização do artesanato de uso do 
seringueiro e sapato de seringa, valorizando e levando este produto para a 
cidade, abrindo mercado nas lojas de artesanato como souvenir. O pedido de 
patente PI0005213 de Wilson Antonio Manzoni da Couro Vegetal da Amazônia S.A. 
refere-se a PROCESSO E COMPOSIÇÃO PARA OBTENÇÃO DE TECIDO EMBORRACHADO" e trata 
de um processo e a uma composição, contendo látex, para a fabricação de lâminas 
de tecido emborrachado. O processo da presente invenção consiste nas etapas de 
formulação da composição; ciclos sucessivos de impregnação e defumação; e 
maturação. Também faz parte do escopo da presente invenção uma composição de 
impregnação que consiste essencialmente em uma solução aquosa contendo látex, 
fonte de enxofre e acelerador de vulcanização. As lâminas de tecido emborrachado 
obtidas da presente invenção podem ser submetidas a processos subsequentes de 
manufaturamento para a fabricação de bolsas, malas, valises, vestimentas, 
agendas, carteiras, sapatos, e outros artefatos usuais em couro. 
  
 João Augusto Fortes e Maria Beatriz Saldanha 
Tavares, ainda à luz da mobilização provocada pela morte de Chico Mendes, se 
juntaram na criação da primeira loja no Brasil especializada em produtos 
ecológicos, o EcoMercado, no Rio de Janeiro. Na busca de produtos, os fundadores 
do EcoMercado foram contatados por seringueiros de Boca do Acre (Amazonas) que 
apresentaram-lhes o saco encauchado, um tecido impermeável tradicionalmente 
usado pelos seringueiros como embalagem para transporte de látex e de bagagens 
pessoais. Em maio de 1992, foram lançadas as primeiras peças confeccionadas com 
este tecido emborrachado. A necessidade de uma pesquisa de produção mais 
profunda ficou evidente um mês depois quando surgiram reclamações de 
consumidores: devido à oxidação, a superfície da borracha começava a se 
desmanchar. Os anos seguintes foram principalmente dedicados a pesquisa e ao 
desenvolvimento da tecnologia de produção. Só no início de 1994, foi criado um 
processo exclusivo de vulcanização da borracha, adaptado a realidade dos 
seringais nativos, que conferiu ao Treetap® a qualidade necessária para sua 
comercialização. Percebeu-se, então, a necessidade de adaptá-lo às exigências do 
mercado dando início a uma série de pesquisas. O processo de aprimoramento e 
adaptação deste artesanato tradicional para o mercado internacional deu origem 
ao Projeto Couro Vegetal da Amazônia S/A, fundada em 1994 pelos mesmos 
empresários. Em 1994 um pedido de patente foi depositado por João Fortes (PI 
9402908-3). O pedido patente PI9402908 de João Augusto de Andrade Fortes, 
que foi indeferido eplo INPI, trata de "Aperfeiçoamento em Processo de 
Beneficiamento de Tecido Emborrachado para Produção de Lâminas de Couro 
Vegetal", compreendendo a adição, de látex, de solução de potassa a 10% na 
proporção de 0,4% sólido sobre o peso seco de borracha no látex, e adição, 
visando a efetivação da vulcanização e proteção à borracha, ao látex, de 
ingredientes obedecendo à seguinte formulação em peso: borracha seca (100), 
enxofre (1), óxido de zinco (0,5), BDC (dibutil ditiocarbonato de zinco), 
antioxidante do tipo fenol-estirenado, homogeneizado, peneirado e aquecido a 
45°C-50°C, para utilização no emborrachamento dos tecidos através de sucessivos 
banhos alternados com igual número de defumações seguidos das secagens em 
estufas e ao ar livre, pelos períodos adequados, e à lixiviação em água 
corrente.  O Projeto Couro Vegetal da Amazônia é o resultado da aliança 
formada pela empresa Couro Vegetal da Amazônia S.A., Instituto Nawa para o 
Desenvolvimento do Extrativismo Sustentável na Amazônia e três associações de 
produtores: Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista 
do Alto Juruá (ASAREAJ), Associação dos Produtores de Artesanato e Seringa 
(APAS), Associação dos Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão (ASKARJ). A empresa 
recebeu o prêmio CNI de Gestão do Design Ecológico em 2001   Desde 1991, o Projeto trabalha no aprimoramento do 
artesanato tradicional do seringueiro da Amazônia de forma a torná-lo 
competitivo para o mercado internacional. Através de inovadoras tecnologias, o 
Projeto desenvolveu o couro vegetal - Treetap®, devolvendo à borracha nativa os 
melhores padrões de qualidade e enfatizando seu valor cultural e ecológico. O 
Treetap® é um tecido emborrachado com látex natural vulcanizado através de um 
processo tecnológico exclusivo, desenvolvido especialmente para a realidade dos 
seringais nativos da Amazônia. O Treetap® é utilizado para fabricação de bolsas, 
mochilas, pastas, artigos de vestuário, calçados, encadernações e revestimentos. 
A produção do Treetap® é uma alternativa econômica para populações seringueiras, 
contribuindo para a valorização de suas culturas tradicionais e para preservação 
e uso sustentável da biodiversidade de suas Terras Indígenas e Reservas 
Extrativistas.  Em novembro de 2001, a Cooperativa de Produção de Sapatos 
e Acessórios de Couro de Franca (Cocalfran) firmou uma parceria inusitada. 
Chamou a tribo indígena Kaxinawa, do Acre, para extrair látex, e os seringueiros 
do Acre e de Rondônia para transformar essa matéria-prima em couro vegetal. Toda 
a produção foi destinada às 20 empresas cooperadas da Cocalfran para a 
fabricação de calçados femininos "ecológicos". Além do couro vegetal, sola e 
salto são de madeira de reflorestamento. "Não tem química", afirma José Osmar 
Ernesto, presidente da Cocalfran, destacando que o Comitê Chico Mendes, que 
busca parcerias para ampliar o uso do couro vegetal, foi o responsável pela 
aproximação da Cocalfran com os seringueiros e a tribo indígena. Oito modelos 
acabam de chegar às lojas de Franca. Até dezembro de 2002 eles estarão chegando 
também ao mercado nacional.  
Fonte: 
http://treetap.amazonlife.com.br/centro.htm 
 http://www.amazonlink.org/seringueira/couro_vegetal_seringueiros.html 
 http://www.cni.org.br/premio-cni/vencedores2001.htm  acesso em fevereiro 
de 2002 http://pegn.globo.com/revista/index.asp?d=/edic/ed160/circuito.htm 
 acesso em abril de 2003 envie seus comentários para otimistarj@gmail.com. 
  
 
 
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Janeiro, seu conteúdo não foi examinado e/ou editado por esta instituição, 
tampouco foi realizada qualquer análise de mérito ou técnica nas invenções 
descritas. A responsabilidade por seu conteúdo é exclusivamente do autor. 
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