segunda-feira, 18 de junho de 2012

Legislação Ambiental

Citada no artigo 14, inciso I da lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Lei N.º 9.985 de 18/07/00), a APA (Área de Proteção Ambiental) faz parte do grupo das unidades de conservação de uso sustentável.

Segundo o artigo 15º a APA é definida como uma área “… em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.”
A “APA” é uma das categorias de UC (Unidade de Conservação) que pode ser constituída por terras públicas e/ou privadas. Na APA deve-se restringir o uso e ocupação do solo, desde que observados os limites constitucionais e, nas áreas sob propriedade particular, o proprietário é quem deve estabelecer as condições para visitação e pesquisa de acordo com as exigências legais.
Ao órgão responsável pela administração da APA, que presidirá o Conselho da UC, cabe também, determinar as condições e restrições para pesquisas científicas no território da APA.
No sudeste, região com maior número de APAs, uma das principais áreas de preservação permanente é a APA da Mantiqueira que abrange o território dos estados de Minas Gerais (16 cidades), São Paulo (7 cidades) e Rio de Janeiro (2 cidades) com o fim de proteger uma das maiores cadeias montanhosas da região, a Serra da Mantiqueira. Qualquer UC é criada através de ato do poder público, neste caso, a APA da Mantiqueira foi criada pelo Decreto 91.304 de 03/06/1985.
Outras APAs:
- na região sudeste:
APA de Guapimirim, APA da Bacia do Rio São João/Mico-leão-dourado, APA da Lagoa do Iriry, APA Prainha, APA da Região Serrana de Petrópolis, APA Cavernas do Peruaçu, APA Morro da Pedreira, APA de Marapendi, APA Lagoa Santa, APA de Jequiá, APA da Freguesia, APA Cananéia-Iguape-Peruíbe e APA Cairuçu;
- na região norte:
APA do Curiaú, APA do rio Urubuí e APA Igarapé Gelado;
- na região sul:
APA de Anhatomirim, APA da Baleia Franca, APA de Guaraqueçaba, APA de Ibirapuitã, APA Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, APA Rota do Sol e APA Serra do Mar;
- na região centro-oeste:
APA Meandros do Rio Araguaia, APA Rio Bartolomeu, APA da Bacia do Rio Descoberto, APA do Rio Vermelho e APA do Planalto Central;
- na região nordeste:
APA da Chapada do Araripe, APA da Serra de Ibiapaba, APA Costa dos Corais, APA Delta do Parnaíba, APA da Barra do Mamanguape, APA de Fernando de Noronha, APA de Itacaré – Serra Grande, APA de Jericoacoara, APA da Lagoa do Uruaú, APA de Piaçabuçu e APA da Serra da Tabatinga.

http://www.ibama.gov.br
http://www.ambientebrasil.com.br

Relacionando o petróleo com a economia verde

 

Relacionando o petróleo com a economia verde

Por Virgílio Viana
O desafio de diminuir nossa dependência dos combustíveis fósseis não é fácil. A redução do desmatamento combinada com a degradação florestal também não. Ambos representam dois dos principais desafios da humanidade no século XXI. Estima-se que 57% das emissões de gases que causam o efeito estufa sejam oriundas de combustíveis fósseis. As queimadas e o desmatamento respondem por 12 a 20%; mais do que todo o setor de transporte (carros, aviões, etc.). Para evitar os cenários mais pessimistas das mudanças climáticas será necessário reduzir as emissões globais desses gases em pelo menos 25% até 2020 e em pelo menos 80% até 2050.
É necessário investir em inovação tecnológica, implementação de políticas e no envolvimento do setor privado em iniciativas voltadas para o desenvolvimento de uma economia verde, ou de “baixo carbono”. Trata-se de uma transição gradual cuja velocidade está diretamente relacionada aos recursos investidos nesse processo. Quanto maior forem os investimentos, mais rápida será a transição. O debate urgente é como podemos acelerar a transição rumo à economia verde. A ONU estabeleceu uma meta de US$ 100 bilhões ao ano no Fundo Verde, a partir de 2020*. De onde virão os recursos? Buscam-se soluções criativas e inovadoras.
O setor de petróleo e gás, além de ser parte do problema das mudanças climáticas, pode também ser parte da solução. Trata-se de um segmento da economia com uma das mais elevadas margens de rentabilidade. Portanto, é o setor com a maior capacidade de internalizar custos adicionais relacionados às mudanças climáticas.
As florestas também são parte do problema e podem ser parte da solução. Trata-se do segmento que oferece um dos mais baixos custos para a redução de emissões de gases efeito estufa. Adicionalmente, as florestas produzem co-benefícios únicos como a conservação da biodiversidade, a regulação do regime de chuvas e vazão dos rios e oportunidades para o combate à pobreza. Assim, este deve ser o setor prioritário para receber investimentos relacionados com a economia verde.
Um compromisso das petroleiras de investir nas florestas tropicais seria bom para enfrentar a equação do clima
A Amazônia experimentou, desde 2004, um período de queda nas taxas de desmatamento. O Amazonas foi o primeiro Estado a iniciar uma trajetória de queda consistente no desmatamento, a partir de 2003, como resultado de um conjunto de políticas públicas estaduais voltadas para o desenvolvimento sustentável. Entretanto, existem indicadores de interrupção desse processo de queda nas taxas de desmatamento que, em 2011, voltaram a aumentar em várias regiões da Amazônia. A solução duradoura depende da valorização econômica da floresta em pé.
Precisamos reduzir tanto o consumo de combustíveis fósseis quanto as taxas de desmatamento e degradação florestal. Entretanto, a redução da dependência de combustíveis fósseis depende de inovações tecnológicas que demandam tempo. Por outro lado, a redução nas taxas de desmatamento e degradação florestal pode ser alcançada em períodos de tempo relativamente mais curtos. É possível conectar esses dois segmentos?
Tomemos o caso da Amazônia. O potencial de produção de petróleo e gás natural é estimado em mais de 130 bilhões de metros cúbicos. A utilização desse potencial resultaria na emissão de 325 bilhões de toneladas de CO2 **. Por outro lado, o desmatamento previsto para 2050 implicará na emissão de 117 bilhões de toneladas de CO2 ***.
Uma alternativa é a compensação das emissões de carbono oriundas do petróleo em atividades de conservação e manejo florestal. A compensação das emissões de CO2 relacionada ao petróleo e gás pode ser tratada de várias formas. Primeiro, pelo lado do consumo, em que o consumidor paga pela pegada ambiental causada pelos seus hábitos de consumo. Ou seja, cada consumidor paga pela sua poluição pessoal. Isso pode ser feito de forma voluntária ou por meio de um tributo especifico. Segundo, pelo lado da oferta, quando a compensação das emissões é tratada pelos produtores de petróleo e gás. Ou seja, a empresa produtora de petróleo paga por parte da compensação das emissões.
Pode ser utilizado o conceito de compensação de toda a cadeia produtiva e do ciclo de vida dos produtos derivados do petróleo e gás natural. Nesse enfoque, calculam-se todas as emissões associadas à cadeia produtiva de petróleo e gás e estima-se uma repartição de responsabilidades entre empresas produtoras e consumidores. Trata-se de um desafio técnico e científico relativamente simples e que pode embasar decisões políticas e econômicas importantes.
Tomemos um exemplo de uma produção de 50 mil barris por dia de petróleo no Amazonas. Se as empresas produtoras destinassem R$ 1,00 por barril para um “fundo verde”, a ser investido exclusivamente em florestas, teríamos um investimento de R$ 18 milhões por ano. Isso representaria um recurso novo e adicional bastante expressivo diante dos investimentos em curso. Se extrapolarmos esse cálculo para toda a indústria de petróleo, em escala global, teríamos um valor de US$ 20 bilhões ao ano, ou cerca de 20% do total estimado para o Fundo Verde para o Clima da ONU em 2020. Não que isso irá resolver tudo, mas é um passo inovador e significativo para acelerar a transição rumo a uma economia verde de baixo carbono.
Um compromisso das empresas produtoras de petróleo de investir na conservação das florestas tropicais seria um passo importante para enfrentar a difícil equação do clima. Esses investimentos representariam um marco histórico para a indústria do petróleo e gás. Pela primeira vez, seria criado um mecanismo que relaciona, de forma direta, a produção de petróleo com investimentos em sustentabilidade e com a redução do desmatamento e a degradação florestal. A boa noticia é que esta proposta já encontra a adesão de empresas do segmento de petróleo e gás.
* Mais informações, acesse http://cancun.unfccc.int/financial-technology-and-capacity-buildingsupport/new-long-term-funding-arrangements.
** Considerando fator de emissão de “óleo cru” (IPCC, 2006).
*** Emissão de 32 bilhões de toneladas de carbono (Soares-Filho, et al., 2005)
Virgílio Viana, Ph.D. pela Universidade Harvard, livre docente pela USP e ex- Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, é superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável.
Leia na fonte

Rubens Alves

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves