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Uma matéria prima desprezada pelos plantadores de banana de 
Pernambuco está transformando-se num poderoso aliado dos fabricantes de caixas 
de papelão para embalagens. Pesquisadores do Departamento de Bioquímica da UFPE 
descobriram que adicionando-se fibras do pseudocaule de bananeira à celulose, as 
caixas de papelão ficam muito mais resistentes. O pseudocaule é a parte da 
bananeira que se eleva do chão até o fruto, o equivalente ao tronco em outras 
espécies vegetais. Em fase de testes a pesquisa pode representar significativos 
ganhos de qualidade na indústria de papelão para embalagens, conhecido no meio 
como papelão ondulado. "Os resultados dos testes físicos foram favoráveis. A 
resistência da celulose aumentou em até 50%", entusiasma-se Mem Ramos, 
sócio-gerente da Indústria Pernambucana de Artefatos de Papelão (Ipap), empresa 
fundada em 1979 e com produção de 600 toneladas por mês distribuída nas regiões 
Norte e Nordeste. 
  A empresa é a primeira a comprovar as virtudes do novo 
processo e logo ofereceu-se como parecira da pesquisa. "Nosso próximo passo é 
verificar se o uso do pseudocaule de bananeira é economicamente viável", 
conta Ramos. Tudo indica que, como esperam os pesquisadores, a inovação também 
respresentará ganhos econômicos a partir da produção em alta escala. A cultura 
da banana é muito difundida na zona rural do norte pernambucano, o que permitirá 
a obtenção do pseudocaule a custos muito baixos. Por outro lado, o sisal, 
normalmente usado na função, está cada vez mais escasso na região O mesmo ocorre 
com o bambu e o pinus, utilizados apenas nas partes em que são mais abundantes 
Muitas fábricas de papel e papelão do Nordeste são obrigadas a importar 
fibras longas do Sul", conta o engenheiro químico Ricardo Petrarca, um dos 
membros da equipe de pesquisadores comandada pelo bioquímico Eduardo Henrique de 
Magalhães Melo. 
  Magalhães, que fez doutorado na Inglaterra, tem viajado 
com frequência ao exterior em busca de parcerias para viabilizar a produção de 
celulose com pseudocaule de bananeira. Por enquanto o processo tem sido 
realizado na planta-piloto instalada numa usina de açúcar de Macaparana em 
Pernambuco, município grande produtor de bananas. Trata-se de um projeto 
conjunto da Universidade Federal, do Governo do Estado e da prefeitura, com 
participação da Companhia Federal de Fundição do Rio de Janeiro , que cedeu 
equipamentos. O problema é que oritmo das pesquisas tem sido prejudicado pelos 
constantes paralizações causadas pela sazonalidade da indústria do açúcar, 
responsável pelo fornecimento de água, energia elétrica, tratamento de esgoto e 
outras etapas do processo de produção da celulose. A utilização da 
infra-estrutura de uma usina de açúcar não é por acaso, já que o processo de 
produção da celulose com pseudocaule de bananeira assemelha-se ao da extração do 
caldo de cana. O material é cortado em tiras e passa por uma forrageira, para 
que o excesso de líquido típico da bananeira seja retirado. Depois é misturado 
aos demais elementos da fórmula - bagaço de cana e aparas de papel que sobram do 
corte industrial - e submetido a altas temperaturas. A partir de variações do 
percentual de água, da pressão e da temperatura obtiveram-se fórmulas mais 
eficazes para ampliar a resistência da celulose. 
  Em tese de mestrado de 
2001 junto a Esalq de Piracicaba, Maria de Lourdes Soffner apresenta um estudo 
que visa a produção de polpa celulósica a partir de engaço de bananeira. A 
autora observa que muitas espécies de bananeiras do gênero Musa tem sido 
exploradas para comercialização em pequena escala das fibras técnicas ou 
comerciais do pseucdocaule, que constituem-se em feixes fibrosos com 
comprimentos relacionados com o comprimento do pseudocaule. Há muitos anos vem 
sendo averiguada a viabilidade técnica para produzir polpa celulósica a partir 
de resíduos da bananeira, principalmente do pseudocaule e do engaço. Nas 
Filipinas o pseudocaule do abacá, uma espécie de bananeira é utilizado para 
produção de produtos artesanais como bolsas, sacolas e papel co elevada 
resistência, denominado manila paper, empregado na fabricação de sacos para 
acondicionamento de farinhas, cimento, cal e artigos semelhantes. No Japão, 
segundo dados de Medina em 1959, a fibra do abacá é utilizada para manufatura de 
um papelão resistente, utilizado na construção de paredes e móveis. Na Costa 
Rica, um dos maiores exportadores mundiais de banana, o engaço tem sido 
utilizado como matéria prima na produção de papéis de impressão na proporção de 
10% de fibra de engaço e 90% de aparas, e também na produção de papéis 
artesanais. Historicamente os primeiros papéis para escrita foram produzidos a 
partir de plantas não madeiras, ou denominadas plantas anuais.  Fonte: 
 Tecnologia & Inovação para a indústria, Sebrae, 1999, página 22 
 http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11149/tde-13122001-114259/publico/soffner.pdf 
 acesso em junho de 2003 envie seus comentários para otimistarj@gmail.com. 
  
 
 
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