Segundo fontes de
entidades ambientalistas, 12 milhões de animais silvestres são retirados de seu
ambiente natural todos os anos no Brasil. Com uma cifra de cerca de R$ 10
bilhões/ano e somente ficando atrás do tráfico de drogas e armas em movimentação
de dinheiro, o comércio ilegal de animais silvestres brasileiros responde por 10
a 15% do mercado mundial, trazendo prejuízos às vezes irreparáveis, como a
extinção de espécies.
Entre as vítimas dessa
atividade clandestina, podemos citar a ararinha-azul e a arara-azul-de-lear, que
têm ocupado o espaço de noticiários e páginas de publicações
especializadas.
A ararinha-azul
(Cyanopsitta spixii), já rara na natureza e muito cobiçada por
colecionadores, foi uma das últimas vítimas do tráfico de animais. Os avisos
sobre as ameaças e as tentativas do Comitê responsável pela proteção, estudo e
preservação dessa espécie não foram suficientes para impedir a sua extinção na
natureza. Oficialmente, restam apenas 67 indivíduos em cativeiro (e desses,
apenas cinco estão no Brasil).
A arara-azul-de-lear
(Anodorhynchus leari), que vive no Raso da Catarina, figura como outra
espécie seriamente ameaçada, tanto pela perda de hábitat como pela sua raridade,
sendo por isso muito cobiçada pelos colecionadores. Atualmente a população
estimada na natureza é de 416 indivíduos. Um fato que merece destaque é o abate
ocasional destas aves por pequenos produtores da região, irritados com o
prejuízo causado aos seus miharais por bandos de
araras.
Ns fazenda Serra Branca
(local de maior concentração da espécie em período reprodutivo), um comitê de
estudo e proteção, juntamente com a Fundação BioBrasil e o proprietário da
fazenda, Otávio Nolasco de Farias, mantêm guardas para vigiar a fazenda e se
encarregam da limpeza de ouricuris, perfuração de poços artesianos para plantio
de milho e cercamento da área.
A atuação intensiva de agentes do Ibama no Raso da Catarina está
coibindo o tráfico e diminuindo a pressão exercida pela coleta de indivíduos da
arara-azul-de-lear. No entanto, há ainda muito que fazer para garantir a sua preservação e evitar
que a espécie tenha o mesmo fim da ararinha-azul: a sua extinção na
natureza.
Maus
tratos
Um dado alarmante chama
a atenção para outra face do comércio ilegal de animais silvestres:
aproximadamente 90% dos animais destinados ao tráfico morrem. Este alto índice
de mortalidade está diretamente ligado aos maus tratos a que os animais são
submetidos, na forma de fome, sede, doenças, calor, asfixia e esmagamento devido
à superpopulação no transporte.
Muitos deles têm as garras e os dentes
arrancados ou cortados e alguns são embriagados e até drogados, para se tornarem
mais dóceis. Para driblar a fiscalização, muitos animais são transportados em
fundos falsos de malas, em bolsos ou forros de paletós, em caixa de sapatos, e
até dentro de tanques de caminhões-pipa.
Espécies que
comumente circulam no tráfico
Espécies como papa-capim,
cardeal, azulão, canário, coleira e pássaro-preto são espécies de grande
distribuição geográfica e que não requerem ambientes muito preservados para
sobreviver. Por isso, são comuns em muitos locais, atraindo a atenção dos
traficantes que geralmente os oferecem nas feiras-livres, a preços bem baixos.
Em alguns pontos do nordeste brasileiro, a venda de aves em feiras-livres é uma
das fontes alternativas de sobrevivência para o povo, o que agrava ainda mais o
problema do comércio ilegal. Como consequência, algumas espécies como o canário,
curió e cardeal já não existem mais em algumas regiões do Estado, embora a degradação ambiental também
contribua de forma significativa. Se não abrirmos os olhos,
estaremos também assistindo à extinção de espécies consideradas
comuns.
Não compre
animais da fauna brasileira; você estará contribuindo para a preservação de
nossas espécies.
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