segunda-feira, 30 de julho de 2012

Cacau e vasoura de Bruxa

No início dos anos 90, na Bahia, muitos fazendeiros devem ter pensado até se não estavam sendo alvo de algum feitiço. É que uma praga, chamada vassoura-de-bruxa, destruiu plantações inteiras de cacau - fruto que dá origem ao chocolate -, levando à falência os antes ricos coronéis, como eram conhecidos os donos dessas fazendas.
Até meados da década de 20, o Brasil era o maior produtor de cacau do mundo. No final dos anos 80, ainda ocupava o segundo lugar, perdendo apenas para a Costa do Marfim, na África. Hoje, o Brasil contribui apenas com 4% da produção mundial, ficando em quinto lugar em produção e em consumo.
Foto: Eduardo Cesar/Revista Fapesp
Foto: Eduardo Cesar/Revista Fapesp
Causada pelo fungo Moniliophtera perniciosa (antes chamado de Crinipellis Perniciosa), a vassoura-de-bruxa tem esse nome porque deixa os ramos do cacaueiro secos como uma vassoura velha. A doença foi descoberta em 1895, no Suriname, e já tinha demonstrado o seu poder devastador ao atingir, em 1920, as lavouras de cacau do Equador.
Quando chegou à Bahia, em 1989, provavelmente vinda da região Amazônica, a praga foi o fim para os produtores baianos, que enfrentavam ainda uma crise com a imensa queda do preço do cacau no mercado internacional. Só para se ter uma ideia dos estragos, a produção, que foi de 390 mil toneladas em 1988, caiu para 123 mil em 2000.
A queda da produção e o aumento do consumo fizeram com que o Brasil, a partir de 1998, já não fosse capaz nem mesmo de produzir cacau em quantidade suficiente para atender o seu mercado interno. O país então deixou de ser exportador, ou seja, fornecedor de cacau, e se tornou importador, tendo que comprar o produto de outros países. Atualmente, o maior produtor de cacau é a Costa do Marfim, seguido de Gana, Indonésia e Nigéria.
Contaminação e controle
A vassoura-de-bruxa continua sendo um sério problema para agricultores e pesquisadores, que têm buscado um meio de combater a praga. Uma das formas de controle é enxertar mudas de plantas resistentes à vassoura-de-bruxa em plantas sensíveis à doença. Para isso, aproveita-se a raiz da planta doente, que é unida por uma fita ao caule da planta resistente, formando, assim, uma nova planta sadia.
Essa e outras técnicas, no entanto, têm um custo elevado e nem sempre apresentam bons resultados. Por isso, é muito importante controlar a vassoura-de-bruxa enquanto ela está no início, já que praga se espalha rapidamente através do vento e da água.
A contaminação se dá quando os esporos, fase reprodutiva do fungo, se fixam na superfície dos ramos ou frutos em crescimento. Em seguida, eles lançam filamentos chamados hifas que penetram as células do vegetal. Inicialmente, os fungos vivem uma fase em que ficam como se estivessem dormentes e quase não se multiplicam.
Enquanto isso, na tentativa de salvar o ramo infectado, a planta começa a enviar mais nutrientes e hormônios de crescimento para essa região. Isso provoca um crescimento anormal das folhas e, um mês depois da infecção, forma-se a chamada vassoura verde, como é conhecida a etapa inicial da doença.
Num determinado momento, a planta parece se dar conta de que o ramo está perdido e tenta recuperar para as suas partes sadias os nutrientes acumulados na parte doente. Mas é tarde demais. O fungo realiza o contra-ataque, acelerando a morte da vassoura verde. Com o ressecamento do ramo, agora transformado em vassoura-de-bruxa, a planta não consegue resgatar os nutrientes a tempo.
Foto: Ellmist/Wikipedia
Foto: Ellmist/Wikipedia

O fungo tem, então, tudo o que precisa para crescer e se multiplicar: um ramo morto e cheio de substâncias nutritivas. Mas ainda prefere esperar a ocasião certa para desabrochar na forma de cogumelos cor-de-rosa: uma sucessão alternada de dias chuvosos e ensolarados, época em que também estão crescendo novos pés de cacau. Afinal, os esporos, depois que deixam os cogumelos, têm pouco tempo de vida até encontrarem novos ramos, cerca de apenas três a quatro horas.




Vassoura-de-Bruxa
A Praga
A vassoura-de-bruxa é uma praga natural da Região Amazônica, sendo considerada uma das mais ameaçadoras do cacaueiro.
Quando não se adotam medidas de controle no aparecimento, a praga progride rapidamente através do vento e da água, comprometendo completamente a produção.
Sintomas
· Nos lançamentos, causa inchação, super-brotamento e morte. As folhas geralmente são grandes e retorcidas.
· Nas almofadas florais ocorre agrupamento de flores grandes e compridas. Também podem desenvolver vassouras vegetais, cujos ramos emitem flores.
· Nos frutos novos produz sintomas diversos como frutos “morango” e “cenoura”.
· Os frutos menores tornam-se inchados e deformados com amadurecimento precoce.
· Os frutos maiores apresentam mancha dura.
· Nas partes doentes e apodrecidas aparecem os basidiocarpos ou cogumelos.
Sintoma de vassoura verde
Sintoma de vassoura almofada floralVassoura de almofada com frutos morango e cenoura
Sintoma interno de fruto infectado
Frutos com mancha dura
Recomendações Gerais
· Agricultores devem procurar a CEPLAC para receberem treinamento, assim como seus administradores, cabos de turma e operários rurais, estes são importantes na identificação da doença nas fazendas.
· Vistoriar freqüentemente as roças quando estiver realizando as práticas de colheita, limpeza de galhos, desbrota e etc.
· Qualquer suspeita de roças afetadas pela vassoura-de-bruxa, deve-se comunicar imediatamente à CEPLAC.
· Quando visitar áreas infectadas pela vassoura-de-bruxa, não transportar partes de plantas doentes como ramos, folhas ou frutos, pois podem espalhar a doença em outras

Revisão e adapitação
Ricardo Pereira

Saneamento Básico no Brasil

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A falta de saneamento básico causa mais impacto ambiental negativo ao Brasil do que o desmatamento ou a execução de projetos para a obtenção de energia. A avaliação é do professor de engenharia civil e ambiental da Universidade de Brasília, Oscar Netto. “Em média, todo brasileiro vai se deparar, em algum momento do seu dia, com problemas ambientais causados pela falta de saneamento. Sobretudo no que se refere a saneamento urbano, nós temos um grade desafio pela frente”, disse.

Oscar Netto aponta ressalta a última enchente do Rio Negro, no Amazonas, como exemplo do que a falta de coleta e destinação adequada dos detritos sólidos podem provocar. Segundo ele, um evento natural periódico foi agravado pelo lixo que boiava e causava contaminação.

É na Região Norte, inclusive, onde o problema de falta de coleta e tratamento de esgoto é pior. Enquanto a média nacional de coleta de esgoto nas residências é 44,5%, no Norte do país é apenas 6,2%, segundo dados de 2009 do Ministério das Cidades, quando foi concluído o último Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto.


Netto defende que a população cobre das autoridades medidas para esse quadro da falta de saneamento básico seja transformado. “Todo brasileiro que acompanha a televisão está sabendo do desmatamento, da construção das usinas, mas o saneamento não é tratado da mesma forma. Essa questão não aparece no topo das políticas públicas”, disse. A mesma crítica ele estende ao movimento ambientalista que não estaria se dedicando com afinco à essa questão.

O diretor adjunto de Campanhas do Greenpeace, Nilo D’Ávila, discorda que o assunto seja esquecido pelo movimento ambientalista. Ele admite que esta não é uma bandeira da organização da qual faz parte, mas garante que há outras organizações não governamentais (ONGs) no país trabalhando para que seja dada mais atenção à limpeza de rios e aterros sanitários.

Na opinião de D’Ávila, a falta de dedicação à questão do saneamento básico é dos governos. “É fato que não adianta ter uma ONG batendo se não há vontade do governo de fazer saneamento público. Tanto é que o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] do saneamento empacou. Saneamento é uma política pública que está diretamente ligada com a saúde. Quando o governo fala que a prioridade dele é a saúde, é uma mentira porque não há investimento em saneamento”, declarou.

Na opinião do diretor do Greenpeace , contudo, o Brasil também não está indo bem nas outras frentes da batalha ambiental. A queda do desmatamento apresentada pelo governo nas últimas semanas, para ele, está mais relacionada a questões econômicas do que à eficiência na fiscalização.

“O desmatamento caiu depois que pegamos aí quase 15 anos de esforço brasileiro. Mas esse esforço não é única e exclusivamente na área de meio ambiente. O esforço econômico que levou o dólar a R$ 1,35 também interfere nisso. Você percebe que a curva do desmatamento e do dólar são parecidas. O desmatamento na Amazônia é ligado à exportação de commodities. O dólar alto e a impunidade que existe nas questões ambientais levam as pessoas a cometerem ilícitos. Tanto que o desmatamento caiu, mas 80% dele ainda é ilegal”, disse.

A taxa de desmatamento na Amazônia Legal medida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2011 foi 8% menor que em 2010. A remoção da cobertura florestal no ano passado foi 6,4 quilômetros quadrados, a menor já registrada desde que o monitoramento começou a ser feito.


Edição: Aécio Amado

terça-feira, 24 de julho de 2012

O Programa Agricultura de Baixo Carbono

O Programa Agricultura de Baixo Carbono, criado em 2010 pelo governo federal, dá incentivos e recursos para os produtores rurais adotarem técnicas agrícolas sustentáveis.
Tudo para mitigar e reduzir a emissão dos gases de efeito estufa – gás carbônico (CO2), gás metano (CH4) e óxido nitroso.
A ideia é que a produção agrícola e pecuária garanta mais renda ao produtor, mais alimentos para a população e aumente a proteção ao meio ambiente.
programa ABC prevê, para a safra 2011/2012, R$ 3,150 bilhões para incentivar processos tecnológicos que neutralizem ou minimizem os efeitos dos gases de efeito estufa no campo.
O governo quer difundir uma nova agricultura sustentável, a ser adotada pelos agricultores, para reduzir os impactos do aquecimento global.
Os recursos para investimentos estão contemplados no Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012.
Produtores rurais e cooperativas poderão contar com limite de financiamento de R$ 1 milhão e taxas de juros de 5,5% ao ano. O prazo para pagamento é de 5 a 15 anos
Procure a sua agência bancária para obter informações quanto à aptidão ao crédito, documentação necessária para o encaminhamento da proposta e garantias.

  • Consulte um profissional habilitado para elaboração de projeto técnico. A proposta deve ter, obrigatoriamente, a identificação do imóvel e da área total. Também precisa constar no projeto o croqui descritivo e histórico de utilização da área a ser beneficiada.
    O produtor precisa apresentar comprovantes de análise de solo e da respectiva recomendação agronômica. Outro item importante é o ponto georreferenciado por GPS ou outro instrumento de aferição na parte central da propriedade rural. Por último, não deixe de incluir no projeto o plano de manejo agropecuário, agroflorestal ou florestal, conforme o caso, da área.
  • Apresente a proposta de financiamento, com os documentos informados pela agência bancária e o projeto técnico. O produtor precisa comprovar a disponibilidade de renda para quitar as parcelas do financiamento ao projeto que contemple recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal.
  • Ao final de cada quatro anos, contados da data de liberação da primeira parcela até a liquidação do financiamento, é preciso apresentar relatório técnico com informações sobre a implementação do projeto e a caracterização da área.
    O projeto precisa ser assinado por profissional habilitado, de instituição pública ou privada, conforme modelo definido pelo Ministério da Agricultura.


  • Fonte:

    segunda-feira, 23 de julho de 2012

    Meio Ambiente uma dicotomia Socio Ambiental

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 696
    O Crédito Rural e a Capacidade de Pagamento do Setor Agrícola
    Carlos Monteiro Villa Verde
    Brasília, janeiro de 2000

    Resumo - Este trabalho analisa algumas informações do Censo Agropecuário 1995/1996, com o intuito de verificar a capacidade de pagamento dos empréstimos feitos pelo setor agrícola. Foram selecionados seis estados para a análise, e os dados utilizados dizem respeito à receita bruta obtida, às despesas realizadas e aos financiamentos recebidos (aí incluídos os de custeio, comercialização e investimento). Com base nesses dados, verificou-se a participação dos empréstimos nas despesas de custeio e comercialização e nos investimentos realizados pelo setor. Calculou-se, ainda, a receita líquida, que, em seguida, foi relacionada à receita bruta, e estabeleceu-se a margem de apropriação verificada. Por último, verificou-se o compromentimento da receita líquida com empréstimos efetuados. Para analisar essas informações, levaram-se em conta o tipo de atividade desenvolvida, a condição do produtor e o grupo de área em que está inserida a propriedade.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 697
    A Política Regional nas Renúncias Fiscais Federais: 1995/1998
    Constantino Cronemberger Mendes
    Brasília, janeiro de 2000

    Resumo - As estimativas dos benefícios fiscais, elaboradas pela Secretaria da Receita Fede-ral/ Ministério da Fazenda, demonstram uma distribuição espacial na alocação de recursos públicos federais, e sugerem uma discussão sobre os objetivos de política econômica, industrial, comercial externa e, particularmente, de desenvolvimento re-gional do país. As renúncias tributárias constituem desde os anos 60 um clássico ins-trumento utilizado pela política de desenvolvimento regional no Brasil. Ao longo desses mais de trinta anos de existência, esses mecanismos cumpriram um papel de destaque no campo das ações regionais. As isenções, reduções e incentivos fiscais continuam, atualmente, a representar um importante componente da política de des-envolvimento regional, mesmo se suas orientações, objetivos e procedimentos ope-racionais são questionáveis. No entanto, pode-se discutir a eficácia ou a eficiência do incentivo para a atividade produtiva, bem como a relação custo/benefício da aplica-ção de tais instrumentos frente à crise fiscal do Estado brasileiro.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 698Estimação de Equações de Importação e Exportação de Produtos Agropecuários para o Brasil (1977/1998)
    Alexandre Carvalho & João Alberto De Negri
    Brasília, janeiro de 2000

    Neste trabalho, são estimadas equações trimestrais para os quanta de produtos agropecuários importados e exportados pelo Brasil. Para as exportações, o período considerado vai de 1977 a 1998, enquanto, para as importações, o período das estimações inicia-se em 1978, devido à disponibilidade das séries históricas. Os vetores de co-integração são estimados via procedimento uniequacional, a partir de uma regressão com defasagens distribuídas, e, no caso das exportações, começa-se com o procedimento de Johansen, para, em seguida, testar-se a presença de exogeneidade fraca. Para as importações, assumiu-se, a priori, a exogeneidade fraca das variáveis explicativas, em parte baseando-se na hipótese de que o Brasil é um pequeno país importador. As relações de longo e de curto prazo foram sintetizadas em um mecanismo de correção de erros. As importações de produtos agropecuários mostraram- se muito dependentes da taxa de câmbio real e da taxa de utilização da capacidade doméstica instalada. Nesse último caso, o sinal positivo da elasticidade de longo prazo indica o comportamento pró-cíclico das importações do setor. As exportações brasileiras desses produtos são influenciadas basicamente pelo nível de atividade mundial e, em menor grau, pela taxa de câmbio real.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 699
    A importância de se conhecer melhor as famílias para a elaboração de políticas sociais na América LatinaMarcelo Medeiros Coelho de Souza
    Rio de Janeiro: IPEA, jan. 2000, 22p.
    Resumo - O artigo analisa a importância dos estudos sobre a composição e a organização das famílias para a formulação de políticas sociais na América Latina. Nele são ressaltadas diferentes formas de se considerar as famílias em programas sociais, concluindo que o conhecimento acerca dos arranjos familiares é relevante, pois está relacionado a diversos fatores: a) as relações entre membros da família podem ter implicações que geram externalidades positivas ou negativas à sociedade; b) as características das famílias podem ser usadas como critérios de focalização; c) as famílias podem ser usadas para conceber, executar ou controlar programas; e d) as políticas sociais podem afetar e ter seus objetivos afetados pelas diferentes formas de organização familiar.
    Abstract -
    The article analyses the importance of the studies on family composition and organization to the social policymaking in Latin America. Different ways of assessing families in social programs are discussed leading to the conclusion, that knowledge about family patterns is important as the relations among family members may generate positive or negative externalities to the society, that family characteristics may be used to focus policies, that families may be used to design, execute and control public programs and that social policies may affect and be affected by different patterns of family organization.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 700
    Dívida mobiliária federal e impactos fiscais: 1995/99Maurício Mota Saboya Pinheiro
    Rio de Janeiro: IPEA, jan. 2000, 39p.
    Resumo - O objetivo deste trabalho é analisar a administração da dívida mobiliária federal (DMF) no Brasil no período 1995/99. Inicialmente, é feito um estudo teórico da relação entre prazos e taxas de rendimento dos títulos. Em seguida é enfocado o desempenho da gestão da DMF no período 1995/98, englobando prazos, custos da dívida e sua relação com a taxa básica de juros (over-selic). Por fim, com o auxílio de um modelo contábil, busca-se estimar, quantitativamente, os impactos de alterações na taxa over-selic e na composição da DMF sobre a dívida líquida do setor público (DLSP) e necessidade de financiamento do setor público (NFSP), em 1999. O estudo conclui que o alongamento de prazos e a redução das taxas de juros, desde que mantidas expectativas de estabilidade quanto ao câmbio e à inflação, podem gerar impactos fiscais. Nas mesmas condições, a médio prazo, seria possível reduzir as NFSPs aumentando a participação percentual dos títulos cambiais e prefixados, em detrimento dos pós-fixados à taxa over-selic. Finalmente, o trabalho conclui que a margem de manobra para a autoridade monetária elevar a taxa básica sem comprometer o quadro fiscal depende, além da composição da DMF, também da participação relativa dos débitos e créditos indexados à over-selic que figuram na DLSP.
    Abstract - This paper aims at an analysis of federal public debt’s (FPD) effects upon management on public sector liquid debt (PSLD) and on public sector borrowing requirements (PSBR), during the period 1995/99 in Brazil. In order to do that, the theoretical basis of FPD management is determined through the analysis of the relationship between bond maturities and return rates. The paper studies the Brazilian FPD management performance in 1995/98 concerning bond maturities and debt burden, as well as the connections between these and the basic interest rate (over-selic). Through a simple model, one tries to estimate the effects of changes in over-selic rate and FPD structure on PSLD and PSBR, in 1999. The main conclusion is that FPD management can have favorable tax effects, specially through lengthening maturities and reducing interest rates, provided that expected inflation and exchange rate remain constant. Under these conditions, it would be possible to diminish PSBR by increasing the share of exchange rate indexed bonds and by reducing the share of over-selic indexed debt. Finally, the paper concludes that the "degree of freedom" of monetary authority in order to raise the basic interest rate without unbalancing fiscal figures depends on FPD structure, as well as on the share of assets and liabilities indexed to over-selic.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 701 A Experiência Britânica de Privatização do Setor Saneamento
    Paulo Pitanga do Amparo
    Katya Maria Nasiaseni Calmon
    Brasília, janeiro de 2000

    Resumo - O presente trabalho tem como objetivo descrever e analisar a experiência de privatização no setor Saneamento da Inglaterra e País de Gales, considerada a mais radical já empreendida nesse campo. O estudo descreve, inicialmente, a evolução histórica do processo de privatização e toma, por base, quatro períodos principais: antes de 1973, de 1973 a 1985, de 1985 a 1989, e de 1989 a 1999. Em seguida, são examinadas as principais características do modelo de regulação adotado, que previu uma estrutura bipartite, com separação funcional entre os reguladores econômicos e os reguladores da qualidade. Finalmente, são abordadas as questões mais sensíveis do atual debate sobre a privatização do setor Saneamento britânico e a eficiência do modelo de regulação implantado.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 702
    Funções e medidas da ruralidade no desenvolvimento contemporâneoRicardo Abramovay
    Rio de Janeiro: IPEA, jan. 2000, 37p.
    Resumo - Ruralidade é um conceito de natureza territorial e não setorial. Em muitos países — entre eles o Brasil —, o rural é definido de tal forma que o associa imediatamente a precariedade e carência. Ora, a experiência internacional mostra que as áreas não densamente povoadas não estão fatalmente condenadas ao abandono e à desertificação. Com base em bibliografia internacional recente, o trabalho procura apontar, em primeiro lugar, os limites das definições mais usuais de rural. Em seguida, define a importância da ruralidade para as sociedades contemporâneas, para estudar, enfim, novas medidas de ruralidade (em que as relações com núcleos urbanos desempenham papel central) nos Estados Unidos, na França e em outros países da OCDE. Parte de uma pesquisa mais ampla sobre padrões migratórios no Brasil, o trabalho conclui postulando a necessidade de se testar novos métodos de definição do rural.
    Abstract - Rurality is a territorial, not a sectorial concept. In many countries — including Brazil — rural areas are defined in such a way that they are automatically associated with deprivation and precariousness. This association is not supported by international experience: it is not necessary that territories which are not densely inhabited become abandoned. Based on recent international literature, the current work points out, first of all, the limitations of the prevalent definitions of rural areas — the Brazilian definition included. Secondly, it defines the importance of rurality to contemporary societies, and finally it studies new statistical methods for defining rurality (where the relationships with cities and towns play a major role) in the United States, France and other OECD countries. This paper is related to a larger research about migratory patterns in Brazilian society. It concludes by stressing the necessity for testing new methods in the definition of rural areas.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 703
    A liberalização comercial brasileira e os coeficientes de importação — 1990/95Márcio de Oliveira Júnior
    Rio de Janeiro: IPEA, fev. 2000, 28p.
    Resumo - Após a mudança cambial ocorrida em janeiro de 1999, houve um grande temor de
    que uma alteração de preços relativos favorável aos produtos comercializáveis com o exterior resultasse na volta do processo inflacionário. Isso se baseava no fato de a economia brasileira estar bem mais aberta ao exterior, com maior presença de importações na oferta total.
    Para avaliar o impacto de uma desvalorização sobre os preços internos, deve-se
    levar em consideração não só as importações de produtos finais, mas também as importações de produtos destinados ao consumo intermediário. Para isso, foram calculados coeficientes de importação que relacionam a importação de insumos ao valor da produção.
    A análise desses coeficientes mostra que a economia brasileira, quando comparada
    a outros países, ainda é relativamente fechada a importações de produtos destinados ao consumo intermediário, sendo essa uma das razões pelas quais um processo inflacionário não foi desencadeado após a desvalorização do câmbio.
    Também é feita uma comparação entre os reajustes de preços praticados pelos
    diversos setores da economia nos períodos janeiro/abril e janeiro/julho de 1999 e os coeficientes de importação. O objetivo é verificar se os setores que mais usam produtos importados em seu consumo intermediário foram aqueles que praticaram os maiores reajustes de preços após a mudança cambial.
    Abstract - In 1994, the Brazilian government launched a stabilization program based on a
    dollar-peg exchange rate regime. In january 1999, that regime was abandoned; the result was an exchange rate devaluation of about 50%. There was a fear that inflation would come back due to the relative price change in favor of tradable goods caused by the exchange rate devaluation. That fear was based on the fact that nowadays the Brazilian economy is more open to imports. However, to reach such a conclusion, one should consider not only final products imports, but also the use of imported inputs.
    In order to do so, two import coefficients relating the use of imported inputs to
    total value of production are proposed for 29 sectors of the economy. Their analysis shows that the Brazilian economy is still relatively closed to imported inputs. That is one of the reasons why a relative price change caused by the exchange rate devaluation was not translated into permanent higher inflation.
    A comparison between price changes and the import coefficients is also made for
    the periods January/April and January/July 1999. The aim is to check whether the sectors that rely more heavily on imported inputs are the same ones that raised their prices most after the exchange rate devaluation.Versão integral em formato PDF (92kb)
    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 704 Desigualdades Regionais e Elasticidade de Longo Prazo do Emprego nos Estados do Nordeste com Relação ao Emprego Nacional
    Carlos Wagner de Albuquerque Oliveira
    Bruno de Oliveira Cruz
    Brasília, fevereiro de 2000
    Resumo - O presente trabalho estima as elasticidades de longo prazo do emprego nacional com relação aos estados da região Nordeste. Utiliza-se a metodologia sugerida por Peasaran et alii (1996), que se mostra bastante robusta, uma vez que não há necessidade de se conhecer a ordem de integração das séries. Conclui-se que todos os estados da região Nordeste apresentam elasticidade menor que 1, à exceção de Sergipe. Assim, as disparidades entre esses estados do Nordeste e o restante do país aumentam durante as fases de expansão da economia, mas, mutatis mutandis, há desconcentração em fases de desaquecimento, o que corrobora a literatura regional, como, por exemplo, a abordagem de Guimarães Neto (1996).
    Palavras-chave: emprego, equilíbrio de longo prazo, desigualdades regionais.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 705 Aspectos Regionais do Comércio de Bens entre o Brasil e a União Européia
    Constantino Cronemberger Mendes
    Brasília, fevereiro de 2000

    Resumo - As considerações sobre as especificidades do comércio externo nacional com a União Européia (UE) não são tão óbvias quanto parece, e não é trivial a análise dos diversos padrões comerciais relacionados aos diversos comportamentos setoriais e regionais envolvidos. Não é por acaso, portanto, que a maioria das diversas análises sobre o comércio externo brasileiro é macroeconômica, no máximo setorial. Este estudo, porém, procura enfatizar as diferentes naturezas comerciais associadas a contextos específicos: setoriais e ou regionais/estaduais. A análise sobre as participações setoriais/estaduais (em nível nacional) no comércio total brasileiro com o bloco europeu conduzem a uma concentração comercial relativa nas regiões Sul e, particularmente, Sudeste. Entretanto, nas demais regiões do país, vários estados surgem com um comércio externo representativo, com níveis seme-lhantes ou maiores de participação que os estados daquelas regiões. Porém, mesmo nos estados com baixa participação no contexto nacional do comércio com a Europa, é possível identificar a importância do bloco europeu no contexto comercial local (regional ou estadual), o que afeta, conseqüentemente, sua estrutura produtiva. Em suma, este trabalho avalia o comércio do Brasil com o bloco europeu, e mostra a necessidade de serem praticadas políticas específicas no âmbito das políticas comerciais externas (regimes de proteção, tarifas ou acordos setoriais) ou mesmo das políticas industriais (investimentos e incentivos) nacionais. Devem ser levados em conta não apenas os distintos comportamentos dos setores produtivos nacionais (no caso, em relação ao comércio com o bloco europeu, mas tal observação também pode-se estender ao caráter geral do comércio externo nacional), e os comportamentos e os efeitos (específicos) dos contextos produtivos e comerciais específicos das regiões e/ou dos estados brasileiros.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 706 Descentralização Política, Federalismo Fiscal e Criação de Municípios: O que É Mau para o Econômico nem sempre é Bom para o Social
    Gustavo Maia Gomes
    Maria Cristina Mac Dowell
    Brasília, fevereiro de 2000

    Resumo - Este texto demonstra que dois aspectos da descentralização política em curso – a criação de municípios e o aumento das receitas disponíveis para os municípios – tiveram conseqüências econômicas e sociais indesejáveis: (i) aumentaram o volume absoluto e relativo de transferências de receitas originadas nos municípios grandes para os pequenos (e do Sudeste para o resto do país), com o provável efeito de desestimular- se a atividade produtiva realizada nos grandes municípios (e no Sudeste), sem estimulá-la nos pequenos (ou nas demais regiões); (ii) beneficiaram pequena parte (não necessariamente a mais pobre) da população que vive nos pequenos municípios, e prejudicaram a maior parte, que habita os outros, cujos recursos se tornaram mais escassos; e (iii) aumentaram os recursos utilizados com gastos legislativos, ao mesmo tempo em que reduziram, em termos relativos, o montante de recursos disponíveis para programas sociais e investimentos.
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    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 707
    Heterogeneidade espacial da produtividade na agropecuária: Brasil — 1970/96Ajax Moreira e Hélio Migon
    Rio de Janeiro: IPEA, fev. 2000, 30p.
    Resumo - A produtividade dos fatores de produção na exploração agropecuária depende de
    muitos aspectos que não são observáveis ou mensurados. Esses aspectos são desigualmente distribuídos entre as regiões, o que implica a heterogeneidade da função de produção agropecuária.
    Este trabalho utiliza um modelo que estima elasticidades dos fatores específicas
    para cada região, pressupondo que estas elasticidades apresentam uma tendência espacial, ou seja, que se modificam de forma suave no espaço. Essa característica é representada pelo princípio de similaridade com o mais próximo, ou seja, com as suas regiões vizinhas. Este modelo é uma generalização, para o contexto espacial, dos modelos de série temporal com parâmetro variando, onde a similaridade se dá segundo a seqüência temporal.
    Este modelo foi estimado utilizando, separada e conjuntamente, as informações
    dos cinco censos agropecuários. O resultado obtido é uma descrição quantitativa da heterogeneidade da produtividade entre as microrregiões.
    Abstract - Factor productivity in agricultural activity depends on many non-observed or non-measured
    aspects. The intensity distribution of these elements are unequally distributed between the regions, which accounts for the heterogeneity of the production function.
    This study uses a model which estimates specific elasticity for each region,
    supposing that it follows a spatial trend. This trend is represented by similarity principles between neighbourhood regions. This is a generalisation, for spatial models, of time series models with floating parameters.
    This model was estimated using five information sets from the last agricultural
    census made in Brazil, separately and jointly. The results describe the productivity heterogeneity quantitatively.Versão integral em formato PDF (305kb)

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 708
    Resenha dos estudos recentes sobre relações comerciais brasileirasRegis Bonelli e Leda Hahn
    Rio de Janeiro: IPEA, fev. 2000, 93p.
    Resumo - Os objetivos deste trabalho são: a) resenhar estudos econômicos recém-concluídos
    ou mesmo em elaboração sobre problemas atuais das relações comerciais brasileiras, visando subsidiar as atividades da Câmara de Comércio Exterior (Camex); e b) selecionar os trabalhos mais importantes e, com base neles, propor um programa de seminários sobre temas relevantes para a elaboração e a avaliação de políticas comerciais.
    Com essa finalidade, foram inventariados 78 estudos, dos quais 21 foram
    selecionados e agrupados em cinco áreas temáticas para a proposta de seminários. As resenhas elaboradas incluem 38 pesquisas concluídas, 18 pesquisas em andamento — que, portanto, foram objeto de apreciação menos cuidadosa que no caso anterior — e, finalmente, 22 pequenos resumos.
    A ênfase do levantamento está nas motivações, resultados e implicações para as
    políticas comerciais brasileiras e as ementas são, na maioria dos casos, compostas de quatro partes sucintas: objetivo, justificativa, metodologia e resultados e conclusões. Na medida do possível, as resenhas foram feitas em linguagem não-técnica.
    A resenha inclui os estudos e pesquisas elaborados a partir do começo de 1998,
    aos quais os autores tiveram acesso, pelo menos, aos Termos de Referência contendo uma descrição de objetivos e métodos. Alguns poucos estudos anteriores incluídos justificam-se por serem linhas de pesquisa ainda em curso.
    Abstract - This work has two main objectives: a) to survey a sample of recent economic
    studies on the present conditions of Brazilian foreign trade relations, including works in progress, so as to support the activities of the Brazilian Chamber of Foreign Trade (Camex); and b) to select a sub-sample of representative research and, based on that selection, propose seminars on relevant themes related to the design, implementation and evaluation of trade policies.
    The survey’s emphasis is on the motivation, results and policy implications of
    Brazilian foreign trade relations. Overall, the survey reviewed 78 studies covering a broad sample of subjects under the general heading of external trade relations. Among these, 21 were selected for the seminars proposed. These 21 studies were the subject of a separate evaluation and were grouped under five headings:
    1 - Trade barriers, which includes sections on identification, measurement andimpacts of their elimination.
    2 - Bilateral agreements.
    3 - Economic integration and liberalization.
    4 - Competitiveness, which includes sections on diagnosis and public policiesproposals.
    5 - International negotiations.
    Versão integral em formato PDF (300kb)

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 709
    As mudanças da pobreza e da desigualdade cariocas na década de 90Marcelo Neri
    Rio de Janeiro: IPEA, fev. 2000, 26p.
    Resumo - Este artigo avalia as mudanças recentes ocorridas no nível de renda, na
    desigualdade e na pobreza na região metropolitana do Rio de Janeiro. A análise revela que a queda notada nos indicadores de pobreza e de desigualdade cariocas durante os últimos cinco anos foi superior à observada no caso brasileiro como um todo. Em particular, enquanto a queda de desigualdade observada a partir de 1994 para o conjunto das principais regiões metropolitanas não foi suficiente para recuperar o nível atingido em 1993, no caso carioca a queda observada foi suficiente para levar a desigualdade aos níveis mais baixos em relação à série histórica de médias anuais (incluindo 1986). O grau de desigualdade de renda domiciliar carioca, que historicamente superava as demais regiões, hoje se encontra em níveis mais baixos.
    Abstract - This paper evaluates the recent changes in poverty and inequality observed in Rio
    de Janeiro Metropolitan city during the 1990’s.Versão integral em formato PDF (90kb)

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 710Relações Comerciais entre o Brasil e o México
    Jorge Chami Batista
    Brasília, fevereiro de 2000

    Resumo - Este trabalho procura identificar e quantificar os mercados potenciais para as exportações brasileiras no México, por meio de uma análise setorial detalhada. Embora de forma menos específica, procura-se também identificar os principais in-teresses mexicanos no mercado de importações do Brasil. O trabalho conclui que há um potencial significativo para a expansão das exportações brasileiras para o México, que poderiam quase triplicar de valor no caso de um acordo de livre comércio entre o Brasil e o México.
    Versão integral em formato PDF (950 kb)

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 711Desvalorização Cambial e seu Impacto Sobre os Custos e Preços Industriais no Brasil - uma Análise dos Efeitos de Encadeamento nos Setores Produtivos
    Thiago Rabelo Pereira & Alexandre Carvalho
    Brasília, março de 2000

    Resumo - Este trabalho analisa o impacto da depreciação da taxa de câmbio sobre os custos dos principais setores da economia brasileira, com o uso de dados da matriz de insumo-produto de 1995. É estabelecida uma metodologia que focaliza os efeitos de realimentação da pressão de custos no setor produtivo, e indica-se a sensibilidade das estruturas de custos setoriais aos movimentos da taxa de câmbio em uma economia aberta. A mudança cambial promove uma elevação direta dos custos nos setores que dependem da importação de insumos. Os custos são pressionados, por outro lado, pelo efeito da taxa de câmbio sobre os preços dos fornecedores domésticos que demandam insumos importados. A estimativa segue os canais pelos quais a elevação dos custos decorrentes da mudança cambial se espalha pela economia, e converge para o resultado total, no qual se esgotam os efeitos de encadeamento nos setores produtivos. O trabalho estima o impacto inflacionário do choque externo sobre os índices de preços ao consumidor em um ambiente de relativa estabilidade dos mark ups praticados e ausência de mecanismos relevantes de indexação. Segundo as estimativas realizadas, uma depreciação nominal de 50% deve estar associada a uma pressão de custos que deve elevar a inflação ao consumidor (em um cenário de estabilidade de margens) em, aproximadamente, 8,2%. O trabalho também discute a evolução dos mark ups industriais nos períodos imediatamente anterior e posterior à mudança do regime de câmbio. Por fim, alguns comentários sobre a dinâmica financeira subjacente à ultrapassagem cambial são adicionados, e discute-se a relevância da velocidade de reversão sobre seu impacto inflacionário.
    Versão completa em formato PDF (307 kb)

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 712 Quatro Décadas de Crescimento Econômico no Centro-Oeste Brasileiro: Recursos Públicos em Ação
    Aristides Monteiro Neto & Gustavo Maia Gomes
    Brasília, março de 2000
    Resumo - O artigo mostra que o crescimento econômico ocorrido na região Centro-Oeste, nos anos de 1960 a 1996, foi muito mais elevado que o das demais regiões bra-sileiras, exceto a região Norte (no mesmo período), e evidencia, por meio da mensu-ração dos investimentos públicos e das despesas em bens e serviços na região, que o papel do setor público tem sido de fundamental importância na explicação do alto desempenho do PIB per capita. Na verdade, em vários dos anos para os quais os dados foram passíveis de elaboração, a participação do governo na economia tem ultrapas-sado os 50% do PIB regional, o que tem beneficiado essa região muito mais que as demais macrorregiões brasileiras - na forma de uma forte trajetória de expansão do seu PIB per capita -, como resultado do alto grau de comprometimento de recursos públicos para criação e manutenção de demanda agregada.
    Versão completa em formato PDF (436 kb)

    TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 713
    A Dinâmica dos Mercados Habitacionais Metropolitanos: Aspectos Teóricos e Uma Aplicação para a Grande São Paulo
    Cláudio Hamilton M. dos Santos & Bruno de Oliveira Cruz
    Brasília, março de 2000

    Resumo - Seja para facilitar simulações macroeconômicas de políticas na área de geração de empregos ou para nortear a formulação de políticas públicas na área de habitação, o estudo do funcionamento do mercado habitacional brasileiro reveste-se de fundamental importância. O presente trabalho visa oferecer uma contribuição ao tema, ao discutir, de maneira introdutória, a teoria do funcionamento dos mercados habitacionais e testar, empiricamente, algumas das suas principais conclusões para o caso da Região Metropolitana de São Paulo. As principais conclusões do estudo são: o mercado de habitação tem um forte comportamento cíclico, a oferta de novas habitações possui elasticidade-preço unitária, a taxa de juros e o custo da terra urbana apresentaram elasticidade de 0,5. O custo da construção civil, apesar de produzir um efeito negativo na oferta de novas habitações, não se revelou significativo em nível de confiança de 10%. A demanda por novas habitações apresentou resultado divergente do esperado, uma vez que mostrou-se com elasticidade-preço maior que 1, isto é, a habitação seria um bem elástico. A taxa de juros tem efeito negativo sobre o comportamento da demanda e novamente a renda tem uma forte correlação com a procura por imóveis. Entretanto, tais resultados devem ser analisados com cautela devido à não-disponibilidade de uma amostra mais longa para estudos com séries temporais. Apesar disso, espera-se que esta pesquisa possa estimular o debate sobre tema de fundamental importância para a economia brasileira como é o mercado

    CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CACAU



    O cacaueiro é uma planta estimulante, tropical, pertencente a família das Esterculiáceas, encontrada em seu habitat, nas Américas, tanto nas terras baixas, dentro dos bosques escuros e úmidos sob a proteção de grandes árvores, como em florestas menos exuberantes e relativamente menos úmidas, em altitudes variáveis, entre 0 e 1.000 m do nível do mar. Do fruto do cacaueiro se extraem sementes que, após sofrerem fermentação, transformam-se em amêndoas, das quais são produzidos o cacau em pó e a manteiga de cacau. Em fase posterior do processamento, obtém-se o chocolate, produto alimentício de alto valor energético. Envolvendo as sementes, encontra-se grande volume de polpa mucilaginosa, branca e açucarada, com a qual se produzem sucos, refrescos e geleias. Da casca extrai-se a pectina, que após simples processamento mecânico, se transformam em ração animal, ou ainda, por transformações biológicas, pode ser usada como fertilizante orgânico.
    Cultivares
    Clones
    Selecionados em regiões cacaueiras do Estado da Bahia, introduzidos de outras regiões cacaueiras, nacionais ou estrangeiras, adaptados às condições de solo e clima baianos.
    Híbridos
    Provenientes de cruzamentos interclonais entre cacaueiros dos grupos Amazônico e Trinitário.
    Clima
    Latitude entre 22° N e 22° S. Adapta-se bem regiões com temperaturas médias superiores a 21°C. Tolera por curto espaço de tempo, temperaturas mínimas próximas a 7°C, durante os meses mais frios do ano, porém pode ocorrer injúria nas sementes, resultando em um produto final de qualidade inferior. Exige precipitações pluviométricas superiores a 1.300 mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, como na região litorânea e Vale do Ribeira e grande parte do planalto paulista. Regiões com deficiência hídrica superior a 100 mm anuais não são indicadas à exploração econômica da cacauicultura.
    Solos
    Devem ser profundos e bem drenados. Na região litorânea, os mais indicados são os latossolos vermelho-escuro, o prodizólico vermelho-amarelado e solos aluviais de boa fertilidade natural. No planalto paulista, os prodizolizados de Lins e Marília var. Marília, e os latossolos roxos.
    Época de plantio
    Sementes em viveiro – setembro a abril.
    Mudas no campo – praticamente o ano todo, na região litorânea e vale do Ribeira. No planalto paulista, de outubro a março.
    Espaçamentos
    Diversos, em função da fertilidade do solo e dos objetivos da exploração econômica, podendo variar entre 1.000 a 2.000 plantas/hectare.
    Controle da erosão
    Plantio em nível, nas encostas.
    Mudas necessárias
    Entre 1.000 e 2.000, em função dos espaçamentos adotados.
    Calagem
    De acordo com a análise de solo, elevar o índice de saturação por bases para 50%.
    Adubação de plantio
    60 dias antes do plantio, incorporar por cova, 2 a 4 litros de esterco de galinha ou 10 a 20 litros de esterco de curral curtido, 1 Kg de calcário dolomítico ou magnesiano, 100 g de P2O5, 02 a 60 Kg/ha de K2O e até 4 Kg/ha de Zn. Acrescentar, em cobertura, 4 aplicações de 10 g de N/planta, de dois em dois meses.
    Adubação de formação
    Aplicar em cobertura ao redor das plantas, em três parcelas no período das chuvas, de acordo com a idade das plantas e a análise de P e K no solo em gramas por planta: no 1º ano,40 g de N, 20 a 60 g de P2O5 e 20 a 60 g de K2O; no 2º ano, 80 g de N, 30 a 90 g de P2O5 e 30 a 90 g de K2O; no 3º ano, 120 g de N, 40 a 120 g de P2O5 e 40 a 120 g de K2O.
    Adubação de produção
    Aplicar de acordo com a análise de solo, 50 Kg/ha de N, 30 a 90 Kg/ha de P2O5, 20 a 60 Kg/ha de K2O e até 4 Kg/ha de Zn, parcelados em três vezes, e aplicados em cobertura, nos meses de outubro, dezembro e março.
    Outros tratos culturais
    Roçadas, para manter a cultura limpa; desbrotas, para eliminar ramos ladrões; podas, para dar forma a planta e facilitar os tratos culturais e as colheitas.
    Arborização
    Em matas virgens, proceder ao raleamento parcial da área deixando as espécies arbóreas desejáveis para apropriar 40% de sombra à plantação. Em terrenos desbravados, arborear com as seguintes espécies de utilização temporária própria como bananeira-prata, bananeira-nanicão, Thephrosia candida DC ou Leucaena glauca Benth., em associação com as espécies permanentes, com farinha-seca (Ptecellobium edwallii), para sombreamento, e Grevillea robusta A. Cunn. ou jaqueira (Artocarpus integrifolia L. f. Moraceae) para quebra vento.
    Controle de pragas e doenças
    Efetuar controle sistemático às formigas quenquém e saúva, com produtos específicos. No controle a outros insetos, principalmente tripes, vaquinhas, percevejos e lagartas, empregar deltamethrin, malathion, trichlorfon ou carbaryl. Controle preventivo das doenças fúngicas: podridão-parda (Phytophthora spp.) – acefato de trifenil estanho, hidróxido de trifenil e estanho e fungicidas cúpricos; podridão-morena (Botryodiplodina theobromae) – fungicidas cúpricos; e antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) – mancozeb e cúpricos.
    Colheita
    Inicia-se a partir do 2º ano. Do 2º ao 4º ano, os frutos podem ser colhidos praticamente durante o ano todo. A partir do 5º ano, as colheitas são feitas em dois períodos: safra (novembro a fevereiro) e temporão (abril a agosto).
    Produtividade normal
    A partir do 7º ano, 1.200 a 1.500 Kg/ha
    FATORES QUE AFETAM O FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO DO CACAUEIRO, CLASSIFICADOS QUANTO AO NÍVEL DE INFLUÊNCIA EM: SIM (S), NÃO (N) E (S/N)
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    Para determinar os fatores que influenciam no florescimento e frutificação do cacaueiro foi utilizado o seguinte roteiro orientador.
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    NOVAS VARIEDADES CLONAIS RESISTENTES À VASSOURA–DE–BRUXA
    Estratégia de obtenção
    Deste a constatação da ocorrência da vassoura-de-bruxa na Bahia em 1989, o programa de melhoramento de cacaueiro do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC) tem direcionado suas ações para o desenvolvimento e seleção de variedade semanais e clonais com resistência a esta enfermidade.
    Duas estratégias foram adotadas, a saber:
    1. Seleção em fazendas: Considerando a potencialidade das plantações comerciais de cacau para identificar e selecionar cacaueiros residentes á vassoura-de-bruxa, um programa de prospecção em áreas altamente infectadas de cacau foi implantado com bastante sucesso. Esta ação resultou na identificação de inúmeras plantas resistentes á doença, a série VB, as quais encontram-se reunidas em coleções no CEPEC para avaliações complementares. Muitas das plantas selecionadas que apresentam características agronômicas superiores foram, também, distribuídas entre produtores. Como uma forma extra de acompanhamento e avaliação. Esta parceria possibilitou a validação dos seus atributos resultando na recomendação para o plantio de algumas dessas seleções;
    2. Melhoramento de população: Paralelamente, populações de cacaueiros foram geradas com os objetivos de: a) busca associação e acumulação de genes relacionados á resistência a vassoura-de-bruxa identificados em fontes distintas, b) ampliar a base genética da resistência, c) promover maior diversidade genética, d) melhorar caracteres de frutos e sementes (físicos e de qualidade), e de produção e compatibilidade sexual. Muitas das plantas resistentes que têm sido selecionadas dentro dessas populações são autocompatíveis e reúnem, sobretudo, características agronômicas desejáveis. Ademais, são clones derivados de cruzamento entre parentais com boa capacidade geral de combinação e que irão proporcionar não somente diversidade genética em termos de resistência a vassoura-de-bruxa, como também, uma fonte de pólen compatível com todos os outros clones em uso no processo de renovação. São nessas qualidades genético – agronômicas que a CEPLAC se respalda para recomendação e liberação dos novos clones para acelerar o processo de renovação em andamento no estado da Bahia.
    Clones Recomendados
    Os 10 clones ora recomendados somam-se aos 10 já liberados. Desses, seis procedem de seleções feitas em plantações comerciais e quatro são oriundos de seleções dentro das populações desenvolvidas experimentalmente. Estes clones deverão integra-se à serie CEPEC, com as denominações de CEPEC 2002 a CEPEC 2011. As relações de compatibilidade e características básicas dos clones da série CEPEC estão apresentadas respectivamente nos quadros 1 e 2 e nas figuras 1 a 10.
    Política de Distribuição
    Estes clones foram todos repassados ao Instituto Biofábrica de Cacau para multiplicação e distribuição de propágulos e mudas. Dada a limitada disponibilidade inicial de propágulos, torna-se estratégico que seja fornecido aos produtores um número reduzido de hastes de cada um dos clones, porém suficiente para o estabelecimento de jardins clonais nas suas fazendas. Isso garantirá uma multiplicação inicial mais ampla e eficaz.
    Uso adequado de clones
    Para maiores esclarecimentos e orientações em relação ao melhor material, alguns aspectos devem ser informados. Por exemplo, se recomenda que o clone CEPEC 2010 seja plantado em locais de alta precipitação pluviométrica e com boa distribuição durante o ano, já que o tamanho médio da semente naturalmente pequeno, pode sofrer redução em condições de deficiência hídrica. Em relação á resistência a podridão-parda, tem-se observado que alguns destes clones apresentam reações de susceptibilidade (S), especialmente a Phytophtora citrophtora, uma das espécies de fungo mais agressiva (Quadro 2). Por segurança, recomenda-se, que os clones listados susceptíveis não sejam utilizados em locais propícios á proliferação de fungo, ou seja, com muita umidade e sombra como boqueirões ou proximidades de riachos.
    Os clones CEPEC 2002 a 2007 são todos autocompatíveis, podendo, assim, também fertilizar qualquer outro clone. Mesclados com outros clones podem melhorar ao nível geral de frutificação e reduzir sensivelmente os efeitos da incompatibilidade sobre a produção. Foi verificada também segregação para cor branca nas sementes do CEPEC 2005.
    As novas siglas dos cincos clones selecionados em plantações comerciais e suas correspondências anteriores são: CEPEC 2002 (VB-1151), CEPEC 2007 (VB-681), CEPEC 2008 (VB-547), CEPEC 2009 (VB-663), CEPC 2010 (VB-514), CEPEC 2011 (VB-892).
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    Quadro 1. Relação de compatibilidade dos clones da série CEPEC
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    Quadro 2. Características gerais dos clones
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    A DOENÇA VASSOURA-DE-BRUXA (VB)
    A doença vassoura-de-bruxa do cacaueiro, (doravante denominada VB), causada pelo fungo Crinipellis perniciosa, infecta as regiões meristemáticas da planta, principalmente frutos novos, lançamentos e almofadas florais, ocasionando queda acentuada na produção, dano nas almofadas florais e enfraquecimento geral da planta.
    Atualmente, a doença constitui-se no maior problema fitopatológico das regiões produtoras de cacau do Continente Americano, atingindo, no Brasil, os cacauais da Amazônia (Pará, Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e Acre) e especialmente os do estado da Bahia. A enfermidade foi detectada no sul da Bahia e hoje se encontra espalhada em toda área de cultivo.
    Passada a fase inicial e, após um período que pode variar de 3 a 9 semanas, aparentemente, ocorre a dicariotização do micélio fúngico e a formação de um micélio secundário, dicariótico e fibulado, com hifas mais estreitas que invadem as células dos tecidos do hospedeiro onde se encontram, culminando com a morte dos ramos (das antigas vassoura verde). As vassouras, agora necróticas, de coloração amarronzada, podem permanecer presas à planta ou podem se destacar e cair no solo. O micélio presente nessas vassouras produz então basidiomas onde são, por sua vez, gerados os basidiósporos, fechando o ciclo de vida do fungo.
    O PROJETO GENOMA DE CRINIPELLIS PERNICIOSA, FUNGO CAUSADOR DA VB
    Atividades
    O projeto integra três tipos de atividades, esquematizadas na figura 1: (1) geração e análise de seqüências; (2) armazenamento e gerenciamento de dados; (3) utilização de dados e geração de soluções.
    Geração de dados
    Coordenação de DNA: Responsável por construir e distribuir o material a ser seqüenciado e por coordenar e harmonizar o trabalho dos demais grupos. Laboratórios de Seqüenciamento: Responsáveis por gerar seqüências em número e qualidade a serem definidas no início do projeto.
    Chips de DNA. A partir das seqüências obtidas, serão produzidos chips de DNA com hibridização a ser feita a partir dos mRNAs das diversas fases do fungo. Os chips serão construídos e analisados na UNICAMP. O mRNA deverá ser obtido a partir dos laboratórios da CEPLAC e da UESC, que detêm o conhecimento do organismo e desenvolveram metodologia para crescimento do fungo em laboratório.
    O cacaueiro pode ser propagado tanto por via sexual quanto por via vegetativa. Na propagação vegetativa, podem ser utilizados métodos rotineiros como enxertia de brotos por garfagem, borbulhia ou estaquia. Esse último método vem sendo utilizado no estado da Bahia para produção de mudas em larga escala no modelo de Biofábrica.
    Melhoramento Genético do Cacaueiro
    Introdução
    O melhoramento genético do cacaueiro historicamente começou em Trinidad. Sendo considerado, como o bem mais sucedido do mundo. A base dos trabalhos de melhoramento foram as expedições botânicas a região de origem nos anos de 1933 e 1938. Nos materiais encontrados eram selecionados aqueles que possuíssem: (i) amêndoas secas pesando próximo de 1,07 gramas ou 93 amêndoas por 100 gramas e (ii) conteúdo médio de gordura e casca respectivamente 55% e 11%.
    Dentre as características de cultivar selecionado destacava-se ainda a tolerância ou resistência a pragas de importância regional além de ampla adaptabilidade local. Os trabalhos para controle da doença vassoura-de-bruxa no Equador e em Trinidad na década de 40, tiveram como partida o emprego do clone resistente SCA 6, em cruzamentos com trinitários para incremento do tamanho das sementes.
    ANTES DA CHEGADA DA VASSOURA-DE-BRUXA
    Para se entender a essência dos trabalhos de melhoramento feitos pela CEPLAC, faz-se necessário dividi-los em dois períodos que são; antes e depois da chegada a Bahia do fungo Crinipellis perniciosa causador da doença conhecida como vassoura-de-bruxa.
    Até a década de 70 os principais problemas agronômicos que estimularam a pesquisa no Brasil, via melhoramento foram: (i) auto-incompatibilidade; (ii) aspectos qualitativos físico-químicos relacionados com a amêndoa do cacau; (iii) tamanho dos frutos; (iv) uniformidade das árvores; (v) produtividade e resistência a pragas e doenças.
    Os trabalhos desenvolvidos pela CEPLAC resultaram em diferentes produtos híbridos. A estratégia era pautada em cruzamento entre indivíduos selecionados que em campo apresentassem as seguintes características:
    · Precocidade
    · Qualidades organolépticas (teor de gordura, cheiro, sabor)
    · Peso da amêndoa seca acima de 1,2g
    · Produção com 1 a 2 anos de antecedência
    · Longevidade
    · Variabilidade
    · Vigor híbrido (heterose)
    · Resistência às pragas e doenças
    O fato da cor das amêndoas do cacau catongo tornar-se pigmentada (tomar a coloração violácea) quando seus óvulos são fecundados pelo pólen de outras variedades, além da boa produtividade deste material fez com que nos cruzamentos do passado, esta variedade fosse utilizada como receptora de pólen, dando-lhe valor prático na hibridação.
    A iniciativa de recomendar mistura de híbridos e não híbridos isolados foi tomada pela CEPLAC coma base no fato de que a heterogeneidade de uma população ser benéfico para manter as lavouras com menor nível de infecção de doenças fúngicas em especial a podridão parda Phythophtora spp. Além de assegurar redução dos efeitos negativos da incompatibilidade sobre a produção de frutos.
    TRABALHOS DA DÉCADA DE 90 E DO INÍCIO DO SÉCULO XXI
    Com a introdução da VB na região sul da Bahia, os trabalhos de melhoramento voltaram-se quase que exclusivamente para encontrar fontes de resistência ao fungo, assim o produtor de cacau passou a ter três opções quanto ao uso de material genético: A primeira foi o uso de variedades clonais selecionadas pela CEPLAC, a segunda foi à utilização de propágulos obtidos da variedade Theobahia ou sementes desses materiais, e a terceira opção foi à seleção de cacaueiros resistentes na própria fazenda ou em áreas vizinhas.
    Muitos esforços têm sido envidados pelos governos Federal, através da CEPLAC, e Estadual, através da Secretária Agricultura do estado da Bahia e da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, para controlar a doença. Em um curto espaço de tempo, uma série de novas tecnologias e processos foram lançados. Cita-se, por exemplo, (i) cultivares clonais resistentes; (ii) tecnologias da enxertia; (iii) enraizamento de estacas e; (iv) poda fitossanitária associadas com fungicidas, inclusive biofungicidas. Essas tecnologias que permitem conviver com a doença estão todas no campo e foram aprovadas pelos agricultores.
    A variedade theobahia (variedade seminal de tolerância ao fungo) em ensaios de avaliação mostrou-se bastante produtiva chegando a apresentar produtividades de até 100@ ha-1. No entanto, essa variedade é muito susceptível a doença conhecida como mal do facão causada pelo fungo Cerotocistii fimbiata, que provoca obstrução de vasos, secamento de folhas e morte das plantas fazendo com que o plantio não mais fosse recomendado.
    Os primeiros trabalhos buscando plantas resistentes na região amazônica foram realizados por Stell (1933) e Pound (1938) que resultaram na seleção de duas plantas comprovadamente livres de infecção que foram denominadas de SCA “Scavina” 6 e 12. Como já citado essas plantas foram as bases genéticas do melhoramento realizado no Equador e Trinidad onde a doença chegou na década de 30.
    A ocorrência de plantas tolerantes nas propriedades agrícolas resulta das combinações híbridas distribuídas pela CEPLAC no passado que tiveram participação da “família Scavina”. Assim, os produtores puderam encontrar em suas propriedades, diferentes materiais com bom e às vezes ótimos graus de tolerância que recebem o nome popular de clone VB. A seleção das plantas para tolerância a VB é baseada em dois pressupostos que são: produtividade e tolerância à doença e podem ser resumidos nas tabelas 1 e 2.
    . Principais características de um clone VB selecionado na propriedade.
    1. Número de vassouras vegetativas à(máximo de 10 /ano)2. Número de vassouras de almofada à(de preferência ausente)
    3. Observar o tamanho das vassouras vegetativas à (evitar as grandes)
    4. O sabor adocicado da polpa, geralmente indica algum parentesco com o SCA
    5. Na procura das novas plantas considerar:
    · Procurar plantas de porte pequeno a médio, evitar as plantas grandes.
    · Evitar plantas de copas excessivamente vigorosas
    . Observações de campo para escolha de um Clone VB
    1. Número de frutos por planta: de 50 a 80
    2. Número de sementes por fruto: > 40 sementes
    3. Peso de uma semente seca: 1,0 a 1,2 g
    4. Tamanho do fruto: médio a grande
    5. Espessura da casca: quanto mais fina melhor
    6. Avaliação da incompatibilidade sexual (uso de polinização artificial).
    Marcadores moleculares como ferramenta do programa de melhoramento foram utilizados no Centro de Pesquisa do Cacau CEPEC, Unidade da CEPLAC. Os marcadores moleculares poderão simplificar de maneira expressiva diversos procedimentos envolvidos no desenvolvimento de novos cultivares. Dentre os quais destacaram como vantagem (i) seleção de plantas jovens; (ii) uso intensivo de casa de vegetação e laboratório; (iii) não influência ambiental nos resultados.
    As técnicas moleculares como RAPD, RFLPs e AFLP, constituem, no momento, as melhores opções para utilização em cacau. Até o momento as técnicas moleculares permitiram identificar plantas descendentes de Scavina que podem representar novas fontes de tolerância.
    Fonte: CEPEC/CEPLAC